Este trabalho teve por objetivo identificar e analisar possibilidades de uso de tecnologias digitais nas aulas de Educação Física (EF) nos Anos Finais do Ensino Fundamental. É uma pesquisa qualitativa, realizada em duas escolas da rede municipal de um município do Vale do Taquari – RS/BRA. Participaram dois professores de EF e os alunos de duas turmas, um 6.º e um 8.º ano. Ela ocorreu no período de 2021 a 2023, em três etapas: 1.ª) identificação das tecnologias digitais utilizadas nas aulas de EF no Ensino Remoto Emergencial (ERE), 2.ª) análise da incorporação (ou não) das tecnologias digitais no retorno às aulas presenciais e, 3.ª) experimentação de tecnologias digitais no ensino da EF. Constatou-se que no ERE as principais tecnologias digitais utilizadas foram o Classroom, o Google Meet e a produção de fotos e vídeos pelos alunos como estratégia de ensino adotada pelos professores para acompanhar a aprendizagem. No retorno à presencialidade, fez-se uso de vídeos disponíveis no Youtube para ampliar a compreensão dos estudantes sobre práticas corporais que foram vivenciadas nas aulas e do celular na seleção de músicas destinadas à criação de coreografias de dança. Nessa etapa, evidenciou-se que os alunos resistiam ao uso de tecnologias digitais pois temiam pela perda do tempo destinado às práticas corporais. Dessa forma, na experimentação proporcionada aos alunos nas aulas de EF, ao utilizarmos de tecnologias digitais (celular, QR Code, Quiz...), manteve-se a essência desse componente curricular - “o se-movimentar” – sustentado na abordagem crítico-emancipatória (KUNZ, 2016). Essa abordagem rompe com a perspectiva técnico-instrumental (reprodutora), ou seja, as tecnologias digitais foram disparadores para um ensino criativo, crítico, dialógico e construtor de conhecimento. Conclui-se que o uso das tecnologias digitais pode potencializar as aulas de EF, mas deve ser acompanhado de uma perspectiva crítica de ensino.