Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a importância da coleção Xangô, exposta no Museu do Estado de Pernambuco, e do espaço museal como um locus de ampliação e percepção de mundo, que proporciona uma formação sociocultural e política, necessária para a prática de um ensino antirracista. Considerado um lugar de produção de conhecimento não-formal, é importante olhar para o museu e enxergá-lo como um espaço para formação de novos públicos, possível de ser lido como um lugar potencial para ampliar o debate antirracista fora da sala de aula. Desse modo, considerando os museus como espaços de reflexão e de múltiplas aprendizagens, frequentados por diferentes públicos dos mais variados segmentos sociais, percebemos nas peças que integram a coleção citada, uma oportunidade para empretecermos os debates dentro do equipamento cultural, ampliando o acesso a cosmovisões diferentes dos padrões hegemônicos impostos pelo saber-poder colonial. A metodologia adotada baseia-se, num primeiro momento, em pesquisas bibliográficas que analisam e constroem uma narrativa sobre o ensino de História dentro da perspectiva étnico-racial, assim como análise das fichas de identificação que compõem o acervo. Em seguida, aplicamos uma pesquisa qualitativa exploratória com alunos e docentes que visitam o museu, buscando compreender como se estabeleceram as formas de controle social institucionalizadas e a disseminação das práticas de demonização, apagamento sistemático e silenciamento das produções e saberes produzidos pelas populações pretas de terreiros. Os resultados parciais obtidos durante o andamento desta pesquisa apontam caminhos a serem seguidos para efetivar a prática de um Ensino de História para uma reeducação étnico-racial através do espaço museal. Sendo assim, a abordagem do tema se torna necessária e importante para a luta antirracista, uma vez que esta deve ser uma preocupação comum a todos que constroem a sociedade.