O descarte inadequado de medicamentos, principalmente no lixo comum ou na rede de esgoto, pode contaminar o solo, as águas superficiais, como em rios, lagos e oceanos e águas subterrâneas, nos lençóis freáticos. Acreditamos que para uma reflexão crítica sobre o assunto, a busca por uma articulação entre Direitos Humanos e ensino de Ciências pode ser de grande potencialidade. Para isso, buscando em Bruno Latour, superar as dicotomias entre Ciência e ciências, realizando um processo de rearticulação dos atores envolvidos na produção dos fatos, referentes às contaminações ambientais, e como agente condutor deste trabalho, elaborou-se uma sequência didática embasada na perspectiva metodologia dos Direitos Humanos na Educação, em que se articulou a temática de estudos de gênero, o uso de anticoncepcionais masculinos e o Ensino de Química. Pensar essa articulação junto à educação em saúde tem o propósito de promover a autonomia, responsabilidade e maior participação dos estudantes e da comunidade no cuidado individual e coletivo, visando a formação cidadã. Com os objetivos de orientar os alunos a respeito da importância do descarte adequado, analisar de qual forma está sendo descartados os medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso, refletir sobre os riscos ambientais e sanitários do descarte inadequado e a reflexão sobre possíveis soluções, desenvolvemos uma discussão referente ao uso do anticoncepcional masculino e as questões de gênero envolvidas nas reflexões referentes às questões ambientes e científicas, principalmente no que tange a discussão acerca dos anticoncepcionais, seus efeitos e o debate a respeito do conceito enraizado do uso exclusivo por mulheres. Os resultados foram positivos, principalmente diante das falas dos estudantes que evidenciaram os diversos humanos e não humanos que operam para naturalização da misoginia quanto ao uso feminino do anticoncepcional, em prol da manutenção de uma sociedade patriarcal e excludente.