A formação territorial brasileira ocorreu assentada na ambição pela aquisição da terra, transformando-a em propriedade privada e incorporando-a a lógica capitalista como uma mercadoria, todavia, uma mercadoria especial, capaz de auferir renda ao seu proprietário. Assim, os invasores, que mais tarde tornaram-se coronéis, encontraram o caminho mais fácil (e ilegal), ao adquirem terras sem comprá-las. No município de Três Lagoas, os coronéis ocuparam o poder público em prol de seus interesses e consolidaram a estrutura fundiária concentrada. Todavia, na atualidade, a manutenção da estrutura fundiária conta com a participação das empresas de celulose-papel. Elas territorializaram-se no município e passaram a comprar/arrendar terras. A relação construída entre as empresas e os proprietários fundiários é resultado do empenho do Estado em investir na territorialização desses empreendimentos, consolidando o pacto terra-capital, que cria a unidade proprietário/capitalista, isto porque, a territorialização das empresas transformou a cidade num negócio e possibilitou a diversidade de investimentos aos tradicionais donos da terra, e o lucro como consequência. Nesta mesma perspectiva, as empresas de celulose-papel passaram a auferir renda e lucro com a reprodução ampliada do capital. Posto isso, o artigo objetiva discutir a presença de relações coronelistas desde a formação territorial do município de Três Lagoas, até o processo atual de acumulação capitalista, considerando a aliança terra-capital estabelecida com as empresas de celulose-papel. Do ponto de vista metodológico, realizou-se revisão bibliográfica; aquisição de dados do Censo Agropecuário 2006/2017 e a respeito da expansão do eucalipto – IBGE.