O presente trabalho, ainda em execução, tem o objetivo de discutir o conceito de território enquanto dimensão do espaço, delimitado pelas relações camponesas e pelas práticas agroecológicas na microrregião geográfica Sertões de Crateús, Ceará. Para isso, vamos recorrer a algumas obras consideradas indispensáveis para a discussão e construção do entendimento do conceito de território em que as relações sociais e de (re)produção são mediadas e concebidas pelo poder (RAFFESTIN, 1993). Além deste conceito, tão caro à Geografia, será necessário também percorrer, para melhor compreender, o que se entende por campesinato no Brasil, visto que, embora haja um amplo e histórico debate sobre essa categoria de sujeito social, ainda é significativa a quantidade de autores que questionam sua existência. Ainda na perspectiva de construção de uma sólida base conceitual, este trabalho visa também, enveredar pelo debate em torno da agroecologia, uma vez que esta ciência tem ganhado espaço e relevância não só no meio acadêmico, mas sobretudo, no espaço rural brasileiro. No decorrer desta pesquisa discutiremos o campesinato de base agroecológico que vem se reproduzindo no semiárido cearense, sobretudo, desde o início dos anos 2000 na microrregião Sertões de Crateús, a partir da ação da Comissão Pastoral da Terra e da Cáritas Arquidiocesana de Crateús. Juntas, estas entidades têm propagado a agroecologia pelos sertões cearenses na busca da convivência com o semiárido. Estas práticas propiciam, a uma só vez, a permanência do campesinato como um modo de vida, ao mesmo tempo em que evidenciam, a partir das relações sociais e de produção, a ressignificação do conceito território.