Atentando-se para o fato de que a EFCRGN se constituía num objeto técnico de elevada importância econômica e política para grupos de diferentes esferas administrativas, indaga-se: de que maneira esta ferrovia possibilitou a concretização dos objetivos de grupos políticos que viam no uso do território norte-rio-grandense uma efetiva possibilidade de sua materialização nas primeiras décadas do século XX? Isto posto, pretende-se analisar os nexos e dissidências entre as oligarquias regionais e o poder central no que concerne ao uso do território vinculado à Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1914 e 1949. Trata-se de uma análise que busca entender o fenômeno específico (a EFCRGN e as relações de poder) a partir de uma leitura que alia o território usado (SANTOS, 1999; SILVEIRA, 2008) com o federalismo enquanto sistema onde essas disputas de poder ocorrem. Compreende-se que mesmo com o “rompimento” da República Federal a partir de 1930, a natureza do federalismo brasileiro permanece em voga na situação analisada. Neste caso, a confluência de interesses difusos contribuiu para a expansão da linha férrea e um uso do território pautado no atendimento de interesses externos que, neste caso, coincidiam com aspirações das oligarquias regionais