Mapa, Censo e Museu compõem (no decurso histórico) uma tríade fundamental ao exercício do poder (ANDERSON, 2008) justificando (re)arranjos espaciais, controles populacionais e eivando subjetividades a partir de narrativas hegemônicas. No entanto, compreendendo o poder enquanto relação e não um ente estático (FOUCAULT, 1984) voltamos nossa atenção para uma miríade de experiências que produzem o “novo” e tensionam (de diversas formas) o campo das representações espaciais e lutas sociais – operaremos aqui com os Ativismos Cartográficos (SANTOS, 2011). De acordo com Santos (2011) os Ativismos Cartográficos constituem um alargamento conceitual e político das representações espaciais, na medida em que confrontam, em múltiplos sentidos, o (i) processo; o (ii) objeto e; o (iii) uso da cartografia, podendo se constituir em estratégias/ferramentas de luta e mobilização social, a partir do espaço e sua representação. Nesse sentido, orientados pela prática social e mobilizando arcabouços teóricos múltiplos, buscamos contribuir com o campo político e epistêmico da geografia, no âmbito do urbano, refletindo sobre uma experiência de Ativismo Cartográfico e recenseamento social oriunda da articulação entre o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Geografia, Relações Raciais e Movimentos Sociais (NEGRAM) do IPPUR e o grupo social Comitê SOS Providência e Região Portuária, do Morro da Providência. assim, acreditamos que a apropriação (por grupos sociais subalternos) de ferramentas de representação e diagnóstico espacial podem auxiliar as lutas por r-existências e formas outras de apropriação e uso dos territórios.