Santo Amaro, de acordo com a regionalização mais recente do Estado da Bahia, situa-se no Território de Identidade do Recôncavo Baiano. A cidade – sede municipal – está há, aproximadamente, 80km da capital baiana, possui grande relevância histórica, como o ciclo da cana de açúcar, e na variedade cultural e religiosa, com espaços e práticas patrimonializados, a exemplo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, bem material tombado, e, como bem imaterial registrado, a Festividade do Bembé do Mercado, ambos reconhecidos por órgãos de preservação do patrimônio, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). O principal objetivo desse artigo é caracterizar as festas religiosas presentes na cidade de Santo Amaro. Nessa perspectiva, a ênfase da pesquisa são as festas do Bembé do Mercado e a Festa da Nossa Senhora da Purificação, qualificando-as, descrevendo os seus ritos e simbologias e a relevância dessas festas religiosas para o patrimônio cultural santamarense e baiano. O artigo aborda ainda o contexto das perseguições, proibições e tentativas de epistemicídio² das religiosidades afro-brasileiras e que resultaram no chamado “sincretismo religioso”, criticado por alguns autores, e as estratégias que o povo negro ainda precisa utilizar para praticar suas religiosidades e resgatar suas memórias.