A presente pesquisa, desenvolvida no Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério, periferia de Sorocaba/SP, com estudantes de uma escola estadual, no ano de 2019, propõe-se ao articular racismo, urbanização e escolarização – orientando-se pela perspectiva lefebvriana de espaço: socialmente produzido e corporificado (SILVA; ORNAT; CHIMIN JR, 2019) –, discutir como a segregação socioespacial, marcadamente racializada, contribui à desigualdade educacional. Tal articulação é base teórico-filosófica para refletirmos: a) o (não) acesso ao capital cultural (BOURDIEU, 2007) pela juventude negra e pobre em Sorocaba; b) o impacto da falta de acesso em sua formação escolar e autoestima e; c) sua resposta à exclusão e escassez, na figura dos bailes funk. A fim de compreender a realidade desses sujeitos, laborou-se diálogo entre os processos de estranhamento da raça, classe e espaço. Diante esses estranhamentos, deparamo-nos com o corpo negro-periférico: economicamente empobrecido, racialmente violentado e lesado da vida na cidade. É esse corpo, em dialética com o espaço, produtor da periferia e da escola-periférica; são suas marcas corpóreas possibilidade de caminho para refletir a fragmentação social e racial da cidade, a desigualdade educacional e o devir.