A obra ‘Quarto de Despejo’ da Carolina Maria de Jesus, escrita em 1955 e publicada em 1960, continua sendo referência na literatura brasileira. Um diário carregado de experiências cotidianas na favela do Canindé, em São Paulo, atravessadas por tensionamentos raciais expressos em sua escrita singular. Por meio da leitura desta obra, nosso objetivo é problematizar as territorialidades do racismo, em sua constituição fenomênica. A metodologia consiste na leitura buscando compreender como a narrativa expressa as territorialidades do racismo. Como resultados, vislumbra-se um fazer científico aberto para as experiências junto aos territórios criminalizados e racializados. Conclui-se que as experiências cotidianas tecidas em texto literário permitem abalos no fazer geográfico pautado na reprodução das desigualdades oriundas do processo de colonização, impressa nas paisagens urbanas das grandes cidades e nos corpos-casas vulnerabilizados pelos escombros do processo civilizatório-urbanizador.