Essencial à discussão sobre a manutenção e reprodução dos traços rurais em uma sociedade urbano-industrial, frente aos rearranjos promovidos pela modernização e industrialização da agricultura, está o questionamento a respeito do declínio da identificação do rural pela função agrícola. À vista disso, nosso objetivo é compreender – a partir de aportes teóricos – como as relações polarizadas pela agricultura marcam a ruptura de fronteiras entre o que se entende por rural e urbano na contemporaneidade. Metodologicamente nos organizamos através de levantamentos e revisão bibliográfica, sistematizando referências teóricas que analisam ao longo do tempo os processos que demarcaram as transformações da agricultura e definem o rural. Entender a (re)existência do rural numa sociedade tida como urbano-industrial só é possível quando compreendemos que, no nível da sua espacialidade, as interações socioespaciais, a coexistência dos múltiplos e a sua constante transformação, concorrem para a sua reprodução. Rural e urbano coexistem na sua contradição e se reproduzem nas relações travadas entre ambos – seja nas dinâmicas de revalorização do rural pela sociedade urbana, seja nas dinâmicas capitalizadas do agronegócio.