O presente artigo tem por objetivo a busca pela compreensão do lugar e do mundo-da-vida (Lebenswelt) para os movimentos migratórios contemporâneos. Partindo da idealização de que o mundo vive em uma cosmopolização, teoria trabalhada por Ulrich Beck (2018) e que se sustenta com concepções criadas por Zygmunt Bauman (1999) a respeito da fluidez que a globalização gera; e que se contrapõe com a ordem estadocêntrica global, sendo esta um impeditivo para a mobilidade entre nações. Essa busca se concretizou através da análise dos aspectos existenciais das pessoas que migram, tendo como base a obra de Donatella Di Cesare (2020) que expõe as características difundidas pelas nações para dificultar o acesso ao deslocamento humano, trazendo consigo a problemática de uma visão deturpada dos imigrantes enquanto estrangeiros. A partir desta discussão prévia foi realizada uma correlação das questões existenciais do espaço e do lugar, através de obras de Yi-Fu Tuan (2013), Eric Dardel (2011) e Edward Relph (1979). O resultado obtido pode expressar que apesar desta fluidez das fronteiras globais existir, ela é determinada a partir de uma ordem estadocêntrica que inibe o fluxo humano, bem como, seleciona parte dele que a convém, uma vez que a imigração se torna desejada quando é solicitada pelas nações que a recebem; já no que diz respeito ao espaço e lugar do imigrante, este se torna fluído e resiste através de seu entendimento de lugar e das territorialidades que traz consigo.