O direito à cidade pode ser entendido como o direito da sociedade de comandar o processo urbano. Porém, a materialidade desse direito mudará a depender de quem o pleiteia e das condições objetivas de fazê-lo prevalecer. A luta dos movimentos sociais pelo direito à cidade iniciada na década de 70 aspirará um tipo de cidade, proveniente de um cenário de gradual redemocratização do país. Todavia, com a complexificação dos antigos desafios e o surgimento de novos, novíssimos atores surgirão, recorrendo-se a outras práticas e demandando por outro tipo de cidade. Assim, o artigo buscará identificar a materialidade desse conceito nos movimentos sociais urbanos de Fortaleza/CE. Para tanto, recorre-se a leitura de textos sobre os principais movimentos atuantes na cidade, a consulta de seus regimentos internos e a aplicação de entrevistas semiestruturadas, confrontando com o arcabouço teórico sobre direito à cidade e produção do espaço urbano na periferia do capitalismo. Os resultados parciais indicam transfigurações de pautas e repertórios de ação em decorrência dos perfis geracionais, debates em vigor e do saber social acumulado, refletindo seus tempos e contextos urbanos. Ademais, as estratégias adotadas nem sempre dialogam com os princípios e táticas do direito à cidade conforme preconizado por seus representantes teóricos, além de assumirem outros contornos pela condição periférica e patrimonialista da produção do espaço urbano brasileiro.