Na cafeicultura do Sul/ Sudoeste de Minas, o trabalho escravo contemporâneo beneficia muitos fazendeiros através da exploração de trabalhadores migrantes e da própria região, conhecidos como apanhadores de café. Esse trabalho, que é parte dos resultados obtidos em uma pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Geografia na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), buscou evidenciar as incidências da escravidão contemporânea na cafeicultura da mesorregião Sul/Sudoeste de Minas e as formas de combate e autuações pelo Estado brasileiro. Além da revisão bibliográfica, levantamento e análise de dados secundários, também foram realizadas entrevistas com o coordenador da Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE-MG), com uma representante do Ministério Público do Trabalho de Varginha - MG, com um auditor fiscal da Secretaria Regional do Trabalho de Poços de Caldas - MG e com uma assessora da Organização Midiática Conectas Direitos Humanos. O estudo demonstrou que os trabalhadores resgatados são migrantes oriundos do Norte do Paraná, Norte de Minas e de alguns estados do Nordeste brasileiro. Essas vítimas costumam ser submetidas às condições de vida e trabalho extremamente precárias em propriedades rurais da região nas quais seus proprietários por acreditarem na morosidade da justiça aplicadas pelo Estado e na impunidade, repetem o crime a cada safra. Além disso, certificadoras e demais empresas do ramo na região se demonstram neutras às condições de trabalho que esses trabalhadores são submetidos, o que incentiva ainda mais a exploração e escravidão contemporânea nesse setor empregatício.