Com esse trabalho, buscamos apresentar uma investigação em andamento do processo de reestruturação territorial, ao mesmo tempo fundiária, produtiva e, portanto, também das relações de trabalho atualmente em curso na Zona da Mata nordestina em virtude da implantação de monocultivos florestais, sobretudo em antigas áreas canavieiras cuja declividade é tão acentuada que, em geral, lhes impede a mecanização. Buscamos também verificar se esse processo se produz com base em uma espécie de “corrida por terras”, entendida aqui como parte dos processos hodiernos de land grabbing (BORRAS et al., 2012), analisando o significado contemporâneo da incorporação da renda fundiária para as condições críticas e ficcionalizadas da reprodução capitalista (KURZ, 2014), em diálogo com as teses sobre a eficácia do ajuste espacial ou da produção do espaço na mitigação das crises (BRENT, 2015; WHITE et al., 2012; HARVEY, 2004). Além disso, analisamos a relação entre esse processo de apropriação de terras hoje em curso na Zona da Mata nordestina e sua utilização preferencial com as flex crops (BORRAS et al., 2016), matérias-primas com destinação múltipla e/ou flexível, como a madeira proveniente dos monocultivos florestais, que possibilitam ampliar a mobilidade do capital em negócios que envolvem imobilização de recursos em ativos de baixa liquidez como a terra.