O objetivo geral que norteou a nossa pesquisa foi compreender, mediante a análise das práticas espaciais de citadinos de baixo poder aquisitivo e moradores da periferia, como a lógica socioespacial fragmentária estrutura-se e se consolida, em oposição aos pressupostos do direito à cidade (LEFEBVRE, 2001). Desse modo, o processo de fragmentação socioespacial foi analisado a partir da dimensão empírica da mobilidade urbana, a qual é indissociável da acessibilidade urbana. Procedimentos metodológicos distintos alicerçaram a investigação, e, neste texto, fizemos a opção por analisar, designadamente, os discursos dos citadinos obtidos por intermédio das entrevistas semiestruturadas. Todos os resultados obtidos apontam para problemas de mobilidade e de acessibilidade urbanas, principalmente para os citadinos que precisam realizar o ir e o vir por transporte público, numa cidade que foi, assim como tantas outras, durante décadas, projetada para o automóvel. Em associação a isso, avaliamos que a pesquisa indicou tendência de intensificação da diferenciação socioespacial que poderia apontar para a fragmentação socioespacial.