O Estigma territorial, termo cunhado por Wacquant (2006), caracteriza-se pela disseminação de discursos de descréditos atribuídos a um determinado território que passa a ser percebido como local de perdição, perigoso e de violência. Nas cidades brasileiras, a partir dos anos 1990, as periferias passaram a ser fortemente associadas, pelos meios de comunicação, à prática de crimes e à violência, contribuindo para reforçar representações presentes no imaginário social sobre esses territórios. Essas percepções não são apenas vivenciadas em territórios periféricos das grandes cidades, mas também, em contextos urbanos, espaciais, históricos e sociais diferentes das metrópoles, como as cidades médias. Dessa forma, o texto tem como objetivo contribuir com a reflexão sobre o tema, através de comparação de dois casos, a ocorrência (ou não) do estigma territorial no Jardim Morada do Sol (extremo norte da cidade de Presidente Prudente/SP) e no Distrito do Pimentas (zona leste da cidade de Guarulhos/SP), considerando a complexidade desse processo em realidades urbanas distintas, ainda que ambas sejam periféricas, e destacando as particularidades e singularidades presentes nessas áreas.