O presente trabalho tem como objetivo analisar espacialmente os casos de assassinatos da população LGBTQIA+ na região Nordeste no período de 2012 a 2022. Para construção desse processo, inicialmente foi realizada uma revisão sistemática de literatura que permitiu delimitar o corpo teórico e metodológico deste trabalho. Em razão das subnotificações e ausência de um órgão governamental que fizesse a coleta e sistematização dos dados de assassinatos da população LGBTQIA+, a pesquisa utilizou como base de dados as informações provenientes dos relatórios anuais do Grupo Gay da Bahia (GGB) e os dossiês publicados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), além de publicações jornalísticas e de mídias digitais. Os dados obtidos foram manipuladas no software QGIS e no GeoDA. O primeiro software permitiu fazer mapas coropléticos temporais, enquanto que no segundo foi possível fazer a correlação espacial entre o IDHM dos Estados e os números de assassinatos. Os dados analisados pelo viés geográfico demonstraram que a região Nordeste tem apresentado, sobretudo nos últimos 10 anos um recrudescimento dos casos de violência à população LGBTQIA+, sendo que a Bahia, o Pernambuco e o Ceará foram os estados que mais tiveram registros de assassinatos. Em contrapartida a essas problemáticas, organizações como o GGB e a ANTRA realizam a árdua tarefa de registrar e sistematizar os assassinatos, tendo as suas produções como veículo de denúncia que alcançam frequentemente o cenário internacional. Por fim, reitera-se a necessidade de o Estado investir e criar políticas públicas mais eficazes e abrangentes para a referida população.