REGIANI, Rafael. O meridionalismo italiano: a terceira via da geopolítica?. Anais do XV ENANPEGE... Campina Grande: Realize Editora, 2023. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/94013>. Acesso em: 26/12/2024 10:08
A geopolítica contemporânea é caracterizada pelo choque geoideológico entre o Atlantismo global ocidental e o Eurasianismo anti-imperialista russo-chinês, que possuem visões de mundo antagônicas, a primeira sendo caracterizada por uma ordem mundial liberal, internacionalista, em que a economia ocupa um lugar de destaque na condução da humanidade, enquanto que a segunda caracteriza-se pela formação de uma ordem mundial heterogênea e multipolar, em que a política ocupa o papel central no desenvolvimento humano. Haveria alguma alternativa que permitisse os países a escaparem desse dualismo? O Meridionalismo pretende ser essa alternativa. Tal corrente inclusive não é nova. Sua inspiração remonta ao grupo dos países chamados Não-Alinhados, agora modificado para a realidade geopolítica do século XXI. Originalmente o Meridionalismo era uma corrente de estudos voltada para a região meridional da Itália. A Itália, como se sabe, é um país que tem uma clivagem Norte-Sul acentuada, com a região norte do país apresentando indicadores socioeconômicos mais desenvolvidos do que o sul. O Meridionalismo italiano visava compreender as razões do subdesenvolvimento da região sul, o chamado Mezzogiorno. O objetivo deste trabalho é então trazer à tona as contribuições deixadas pelo Meridionalismo italiano no sentido de que essas lições também possam servir para a compreensão do subdesenvolvimento do Sul Global, o qual o Meridionalismo atual pretende representar geopoliticamente. Sendo o Meridionalismo Global uma doutrina em formação, justifica-se o estudo do Meridionalismo italiano e seus ensinamentos a serem aproveitados pelo primeiro. A metodologia adotada será realizar uma descrição comparativa entre os principais autores do Meridionalismo italiano.