O presente trabalho discute o papel privilegiado para afirmação da agricultura camponesa do município de Montanha-ES, da existência dos espaços de comercialização direta de alimentos, compreendidos na realidade deste município por duas feiras livres municipais, sendo uma delas agroecológica, e o Centro de Comercialização da Agricultura Familiar – CCAF, e de políticas públicas de comercialização de alimentos como o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e o Programa de Compra Direta da Agricultura – CDA. O município está situado na região extremo norte do Espírito Santo, uma das regiões com menor densidade demográfica em comparação com outras regiões do Estado consequência de um processo descampezinização produzido a partir da violência perpetradas contra os camponeses, muitas vezes com apoio do Estado, por madeireiros e fazendeiros; e também por questões econômicas uma vez que, a concentração de terras associado à incentivos governamentais principalmente por meio do crédito agrícola favoreceram a territorialização da bovinocultura de corte, atividade que só produz retorno econômico significativo quando desenvolvida em grandes extensões de terras controladas por um único dono inviabilizando assim os camponeses nessa porção do território capixaba. No entanto, observamos que para os grupos camponeses que resistiram e para os que se recampezinizaram a partir da reforma agrária os espaços e políticas públicas de comercialização direta de alimentos garantem alcançar com mais facilidade uma renda satisfatória para sua reprodução social alimentando a cidade a partir de circuitos curtos com produção diversificada e preços menores dos que os praticados nos mercados convencionais.