A energia eólica no Brasil já é a segunda maior fonte de geração, respondendo por pouco mais de 12,5% da matriz energética, com 24,1 GW de capacidade instalada, distribuídos em 910 parques eólicos. O que se observa, no entanto, é que mesmo implementados sob o discurso consensual da tecnologia “limpa” e “verde”, os parques eólicos quando inseridos dentro da lógica capitalista de apropriação de grandes áreas, pode acarretar conflitos territoriais, devido aos múltiplos danos sociais e ambientais causados na fase de instalação e operação desses empreendimentos. Diante da relevância dessa temática, o trabalho tem como principal objetivo analisar a relação entre a expansão e a territorialização da geração eólica, e a configuração de conflitos territoriais e injustiças ambientais no município costeiro de Itarema/CE. A pesquisa foi fundamentada em fontes primárias, fruto de trabalhos de campo realizados periodicamente na Comunidade de Patos e demais comunidades do município, especialmente na área do Complexo Eólico Pedra Cheirosa. Em fontes secundárias analisou-se teses, dissertações, artigos científicos e materiais produzidos pelos próprios moradores locais. Diante dos resultados obtidos, observamos que embora seja considerado um projeto “verde” e “moderno", a geração de energia eólica por grandes empreendimentos se territorializa através de práticas espoliativas, operando através de uma lógica de latifúndio, como verificamos em Itarema/CE, agravando situações de conflito e uso ancestral da terra, revelando uma geografia desigual dos proveitos e rejeitos, seguindo uma lógica da perda de direitos territoriais e também promotora de injustiças.