RESUMO O objetivo deste trabalho é resgatar o histórico do processo de favelização no município do Rio de Janeiro, desde as suas origens até os dias atuais, demonstrando que o avanço da favelização foi acompanhado pela estigmatização de seus habitantes. Esta relação entre favela e marginalidade, se repete no cotidiano de diversos bairros e momentos do desenvolvimento urbano do município, mascarando interesses econômicos e imobiliários das classes dominantes. Partimos da hipótese que os processos de remoção de favelas no município do Rio de Janeiro estão intimamente relacionados com a valorização imobiliária das áreas por elas ocupadas. Assim, a estigmatização de seus moradores atua como justificativa política para a remoção das favelas e seus habitantes, quase sempre para áreas longínquas e pouco valorizadas ao capital. Ao longo dos anos os habitantes de favelas foram acusados de serem avessos à higiene e ao trabalho, delinquentes em potencial e, mais recentemente, predadores ambientais. Nesse sentido, buscamos a origem desses estigmas à luz da Geografia Urbana, norteando nosso olhar a partir produção social do espaço. Nesse sentido, realizamos breve contextualização das origens do processo de favelização no município e sua consolidação ao longo do século XX, bem como da estigmaitzação dos moradores de favelas. Sobre a discussão da instrumentalização da legislação ambiental e do recente estigma associado aos favelados, utilizamos um processo de 2007, movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que visava à remoção de favelas localizadas no bairro do Alto da Boa Vista, com base na alegação de risco ambiental.