O presente trabalho visa avaliar, numa perspectiva geopolítica, o papel da Petrobras no planejamento energético brasileiro e suas funções estratégicas para o Estado. Com o processo de transição energética em prol da descarbonização da economia ganhando embalo, a Petrobras encontra-se em um dilema que perpassa todas as grandes companhias do setor petrolífero: diversificar seus investimentos para incluir novas fontes energéticas ou seguir apostando nos hidrocarbonetos como seu principal ativo? A situação é exacerbada por eventos que movimentaram o tabuleiro geopolítico, principalmente a guerra russo-ucraniana. As sanções impostas a Rússia pelos países ocidentais em retaliação provocaram mudanças na circulação dos insumos energéticos. Vale ressaltar também a constante presença das questões climáticas e ambientais que pairam sobre o setor. Considerando esse contexto, o trabalho busca traçar possíveis cenários para avaliar quais deverão ser as ações da Petrobras nessa nova geopolítica energética. Para tal, fazemos uma breve revisão da literatura acerca do tema, analisando sua evolução epistemológica, indo de estudos focados nas disputas sobre o acesso ao petróleo para a emergência de fontes alternativas e a transição energética. Os cenários são baseados na abordagem da Petrobras (e, consequentemente, do planejamento estatal brasileiro) em três eixos centrais: inserção no mercado global, abastecimento doméstico e integração regional com a América do Sul. Partindo desses cenários, faremos uma análise crítica das possíveis políticas, concluindo com algumas recomendações de diretrizes estratégicas, e sugestões para futuras pesquisas.