Consideramos que a categoria paisagem é central no processo de elaboração de uma análise geográfica dos fatos sociais, políticos e culturais que constituem a vida em sociedade. Desde a institucionalização desta ciência, trabalhos como de Vidal de la Blache (França) e Carl Sauer (EUA) no início do século XX tem destacado (amparados em seus respectivos procedimentos metodológicos e métodos de pesquisa) o conteúdo cultural de suas análises cientificas presentes em suas interpretações da paisagem. Embora a paisagem não seja uma categoria originalmente geográfica, mas com antecedentes na arte, muito antes da institucionalização da primeira, a Geografia toma para si um componente importante desta categoria para que a mesma possa contribuir com os estudos dos fatos culturais e dos espaços representados, mediados pela representação e/ou referenciação espacial. Desde Alexander von Humboldt, a paisagem (e a pintura de paisagem) tem dado um importante suporte para geógrafos descreverem e significarem o espaço social/natural. Esta aproximação entre Arte e Geografia se torna relevante no estudo da paisagem, e ainda se torna intrigante quando o que pretendemos é a análise de uma pintura de paisagem ou pintura da paisagem no processo de análise da vida social por meio do-que-aparece seja na pintura de e/ou da paisagem. Neste diálogo entre possibilidades, o que enriquece o debate é quando nos propomos a contextualizar as pinturas impressionistas sobre tais dilemas, e a euforia que tal estilo provoca no processo de representação-de-sua-paisagem, algo inovador para arte de fim do século XIX e inicio do século XX, presentes nas pinceladas de Vincent van Gogh e Claude Monet, por exemplo. Neste sentido, a aproximação entre Arte e Geografia no processo de intepretação da paisagem da pintura impressionista européia de fim do século XIX e início de século XX reúne duas grandes tradições no estudo da paisagem: (i) a artística, que contempla diversos estilos de pintura de paisagens, perfazendo um percurso desde a tradição renascentista até a impressionista; e (ii) a geográfica, que tem elaborado abordagens dos sentidos e significados culturais e simbólicos do espaço representados nas pinturas de paisagem, sobretudo a partir da década de 1990 com as abordagens da Nova Geografia Cultural.