A pesquisa tem como principal objetivo compreender as configurações epistemológicas e ontológicas dos saberes ancestrais indígenas no diálogo com a ciência e a geografia, fazendo uso dos conceitos de interculturalidade e cidadania. A pesquisa é de cunho fenomenológico, com suporte teórico majoritariamente de autores indígenas conduzida por uma pesquisa de campo qualitativa, descritiva e analítica . A fim de explicar a fenomenologia no espaço geográfico serão utilizadas concepções de Heidegger, sua descrição do homem numa mudança de paradigma que supera a relação objetificadora que se instalou na civilização ocidental. Nessa linha, utilizaremos dentre as categorias de análise na geografia, o lugar apresentado por Tuan (2015) que ultrapassa a conotação locacional e o conceito de espaço vivenciado de Bollnow (2008). Com base nesses conceitos fundamentais, refletiremos sobre como o saber ancestral e o científico é compreendido na Amazônia, como meio a se discutir sobre as significações construídas a respeito do espaço e do lugar em que convivem, uma vez que, as relações que envolvem as comunidades da região ficaram por décadas à margem das análises, principalmente pelo fato dos recursos naturais atuarem como protagonistas. Afinal, os indígenas devem alcançar a ciência ou a ciência precisa alcançá-los? Tais questionamentos são relevantes no sentido de reforçar sobre qual têm sido os modelos e critérios adotados para a produção de saberes.