Ao reorientar o lugar da etnografia para além da concepção rígida de ser um método de pesquisa, a partir das contribuições da Antropóloga Mariza Peirano, foi possível tornar a experiência no estágio curricular supervisionado de licenciatura em ciências sociais enquanto uma teoria vivida. Nesse caminho nos deparamos com a necessidade de enxergar os espaços escolares e as experiências curriculares do estágio como uma proposta que pode ser teorizada no sentido do fazer etnográfico, assim foi discutido como a abordagem de “ser afetado” da etnóloga Jeanne Favret Saada (1991) representa uma possibilidade aos estudantes de licenciatura para ensaiarem a etnografia como proposta de vivência e experiência no espaço escolar. A etnografia situa a aprendizagem em sua leitura e em sua construção, nesse sentido, envolve a mutualidade da aprendizagem a partir do estímulo a curiosidade, para a observação e imersão no ambiente envolvido, nesse direcionamento ela também reorganiza a capacidade de se “criticizar”, na perspectiva de Paulo Freire (1996), o cenário e as relações presentes na sala de aula ao colocar como ponto de partida os saberes experienciais dos licenciandos. Dentro dessas perspectivas, pensou-se em: como aprender a teorizar espaços e construir produções teórico-etnográficas podem atuar na continuidade da curiosidade que promove o estranhamento, a criticidade e desfaz a relação petrificada do conhecimento entre narradores e dissertadores, que implica aos educandos o papel de ser um objeto paciente de escuta e aos narradores a posição de sujeito.