Esta pesquisa investiga as concepções de adolescentes (entre 14 a 17 anos) sobre aspectos da sexualidade e relações de gênero vivenciadas na escola. Sua relevância reside no fato de que a abordagem do ambiente ao campo da sexualidade e gênero pode favorecer ou limitar as formas de aprendizagem e de expressão, bem como as experiências de vida. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza, como instrumento privilegiado, entrevistas individuais abertas. Foram entrevistadas quatro meninas adolescentes. O material coletado foi registrado em forma de narrativa, procurando-se manter não apenas o conteúdo, mas também o colorido emocional dos depoimentos. A partir das contribuições de Winnicott, a análise das adolescências enfatiza que elas tomam forma em trocas intersubjetivas que ocorrem no ambiente, o qual é determinante na constituição psíquica, particularmente por ofertar modos específicos de se lidar com o soma. De acordo com a pesquisa de campo, ressaltam-se três categorias de análise: as relações de gênero e sexualidade na escola; as diferenças sociais atribuídas ao gênero e à sexualidade e por último, o enamoramento. O material coletado foi analisado e colocado em diálogo com a bibliografia sobre Psicanálise, sexualidade e gênero. Foram realizadas aproximações entre o campo da Educação e a Psicanálise, bem como com estudos feministas, a partir do questionamento de qual modelo de escola teria maior potencial para acolher e se abrir para as diferenças e, assim, constituir-se como um ambiente capaz de promover experiências de pertencimento e reconhecimento a seus alunos. A pesquisa demonstra como o ambiente escolar é locus de sofrimento psíquico e como as práticas educativas podem prevenir sofrimentos sociais nos adolescentes, em relação aos aspectos de gênero e sexualidade.