É pouco comum ver estudos acadêmicos voltados para produtos que falam sobre o cinema de animação e formação de valores. Em oposição a esta tendência, este artigo analisa o filme "A Bela e a Fera" (1991, dir. Gary Trousdale e Kirk Wise) destacando seus estigmas a partir dos grandes universais beleza e feiúra. Analisamos também a ruptura de estereótipos, promovendo neste um distanciamento de expectativas, mostrando assim que as pessoas boas não necessariamente são aquelas mais belas em seu exterior. Goffman (1978) menciona a intrusibilidade para explicar que o estigma visível pode interferir de diferentes formas no fluxo de interação social do desviante. Por este motivo, acreditamos na relevância de tratamento pedagógico da questão, visto que as crianças na contemporaneidade aprendem valores com os produtos da cultura de massa (FISCHER, 20011; DUARTE, 2002). A metodologia trabalha com o princípio do cinema como obra testemunhal, e, na análise, observando os planos e seqüências mais significativas ao tema analisado. Constatamos que o filme relaciona-se com os estereótipos do feminino: busca de beleza exterior e encontrar o príncipe encantado para se casar. Neste contexto, vivenciamos a projeção na personagem da Bela, a princesa do filme, e é assim que surgem as imaginações que permite empregarmos o conceito de alteridade (RANCIÉRE, 2002). Por fim, entendemos que o estigma proposto na discussão não está apenas em filmes encenados, mas que há uma relação intrínseca com o real, onde a simulação acaba sendo reproduzida nos mais diversos conceitos.