A lírica da primeira fase da literatura infantil brasileira apresentava um distanciamento das reais inquietações, necessidades e expectativas da criança, sobressaindo-se uma visão adulta acerca do mundo infantil. Situação que começa a mudar na década de 60. Mudança impulsionada, sobretudo, pelas obras de Monteiro Lobato, as quais inauguraram um novo modo de criar e de escrever o texto literário para a criança. A partir de então, vê-se uma produção de textos literários para crianças, sejam eles narrativos, dramáticos e líricos, mais emancipados e preocupados com a formação leitora da criança ao apresentar elementos que favorecem o interesse desse público a que se destina, especialmente o humor, o riso, a fantasia, e o brincar com as palavras em consonância com o brincar característico dessa fase da vida humana. Desse modo, o presente artigo visa problematizar e contrastar essas duas fases da literatura infantil brasileira, discutindo as suas (des)contribuições para o desenvolvimento do letramento literário da criança no âmbito escolar. Tendo por base os pressupostos teórico-metodológicos de Ando e Silva (2004), Carvalho (1982), Coelho (2000), Cosson (2006), Frantz (2011), Gregorin Filho (2007) e Zilberman (2005), realizou-se um estudo de caso em duas turmas do Programa Mais Educação (PME), da rede pública de ensino de Brejo do Cruz – Paraíba. Inferiu-se que os alunos demostraram pouco interesse pelo poemas de cunho moralista, mostrando-se mais receptivos, participando significativamente da aula, a partir da leitura dos poemas de Vinicius de Moraes e de Sérgio Caparelli.