A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM REALIZADA PELO PROFESSOR É UMA DAS MARCAS MAIS SALIENTES E COMUNS DA ATIVIDADE ESCOLAR; PRATICAMENTE, SE CONSTITUI NUM DOS TRAÇOS QUE IDENTIFICA TODO E QUALQUER PROFESSOR, ALÉM DE SER UM ELEMENTO FORTEMENTE ASSOCIADO À VISÃO SOCIAL DA ESCOLA. SEUS RESULTADOS TÊM PROFUNDAS IMPLICAÇÕES PARA O HISTÓRICO DOS ALUNOS, PARA A AUTOIMAGEM QUE CONSTROEM E PARA A ORGANIZAÇÃO DO FLUXO ESCOLAR, ENTRE OUTROS DESDOBRAMENTOS. ASSIM, ESTARIA JUSTIFICADA SUA INVESTIGAÇÃO QUE, EM FACE DA PRESENÇA DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS, PERDEU PROEMINÊNCIA NA LITERATURA DA ÁREA. NESTE TRABALHO APRESENTAMOS COMO PROBLEMA CENTRAL O DESAFIO DE INVESTIGAR E PROBLEMATIZAR OS CONHECIMENTOS QUE PROFESSORES POSSUEM PARA CONDUZIR ESSA TÍPICA PRÁTICA DE SALA DE AULA, ESPECIALMENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA, CONSIDERANDO, TAMBÉM, SUA ASSOCIAÇÃO À QUALIDADE DA EDUCAÇÃO E EM ATIVIDADE FUNDAMENTAL PARA O ACOMPANHAMENTO DAS APRENDIZAGENS DISCENTES. PARA TANTO, ARTICULAMOS DUAS ABORDAGENS; UMA COM APOIO EM ESTUDOS ASSEMELHADOS QUE SE REPORTAM À FORMAÇÃO DOCENTE PARA TAL ATIVIDADE E OUTRA NO DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA APREENDER O QUE SABEM ESSES PROFESSORES SOBRE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. ESSA AVALIAÇÃO, CONSOLIDADA EM NOTAS OU CONCEITOS ATRIBUÍDOS PERIODICAMENTE, COM EFEITOS PERMANENTES NA TRAJETÓRIA ACADÊMICA, INCIDE,
DESTACADAMENTE, NAS DECISÕES DE APROVAÇÃO OU REPROVAÇÃO NA TRANSIÇÃO ENTRE SÉRIES ESCOLARES. APESAR
DA IMPORTÂNCIA DO TEMA, CONSTATA-SE SUA QUASE AUSÊNCIA NOS CURSOS DE LICENCIATURA E, MESMO, NA FORMAÇÃO CONTINUADA (CF. FREITAS, 2019; GATTI ET AL., 2010; SIQUEIRA, 2020). ALAVARSE (2013) PONDERA QUE HÁ UM PARADOXO DOCENTE NO QUE SE REFERE À PRÁTICA DA AVALIAÇÃO, UMA VEZ QUE TODO PROFESSOR REALIZA A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE SEUS ALUNOS SEM, NO ENTANTO, TER FORMAÇÃO TEÓRICA E
PRÁTICA SATISFATÓRIAS A RESPEITO, COM EFEITOS SOBRE SEUS PROCEDIMENTOS, INSTRUMENTOS, CRITÉRIOS E, CONSEQUENTEMENTE, SOBRE AS NOTAS ATRIBUÍDAS COM AS REPERCUSSÕES MENCIONADAS. POSTO ISSO, ALGUMAS
INDAGAÇÕES EMERGEM SOBRE A PRÁTICA DOCENTE, ENTRE ELAS: COMO OS PROFESSORES APRENDERAM A AVALIAR? COMO AVALIAM A APRENDIZAGEM? QUAIS SÃO SUAS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA AVALIAR? É FATO QUE OS PROFESSORES NÃO SE DEPARAM COM A AVALIAÇÃO PELA PRIMEIRA VEZ AO DESEMPENHAR A TAREFA DE AVALIAR AS APRENDIZAGENS DE SEUS ALUNOS, POIS TODO PROFESSOR TEM UMA LONGA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E NA EDUCAÇÃO SUPERIOR. ESSA TRAJETÓRIA NÃO É DESPREZÍVEL, CONSUBSTANCIA-SE COMO UM PERÍODO NO QUAL FORMA SUAS CONCEPÇÕES ACERCA DO TEMA E, COMO RESSALTA PAJARES (1992), ESTAS TENDEM A ORIENTAR FORTEMENTE SUA PRÁTICA. POR OUTRO LADO, APESAR DA CENTRALIDADE QUE AS CONCEPÇÕES OCUPAM NAS AÇÕES
DOCENTES, ELAS SE CONSTITUEM NUM OBJETO DE DIFÍCIL APREENSÃO DADO SEU CARÁTER FLUIDO E INTRÍNSECO, CARACTERIZADO POR UMA ESTRUTURA MENTAL MAIS AMPLA QUE ABARCA CRENÇAS, SIGNIFICADOS, VALORES E PREFERÊNCIAS, ATUANDO COMO UM FILTRO DA REALIDADE, MAIS QUE INFLUENCIANDO, DETERMINANDO A PRÁTICA DOCENTE, SENDO RESPONSÁVEL PELO TIPO DE APROPRIAÇÃO QUE ESTE FAZ DE NOVOS CONHECIMENTOS CONFORME THOMPSON (1992). AINDA QUE A AVALIAÇÃO SEJA PARTE INTEGRANTE DA VIDA ESCOLAR, E CONSEQUENTEMENTE DA VIDA DE TODOS AQUELES QUE, EM ALGUM MOMENTO DA VIDA, FREQUENTARAM A ESCOLA, A PROBLEMATIZAÇÃO SOBRE O TEMA DESAPARECE NA ROTINA ESCOLAR, COMO QUE SE NATURALIZANDO COMO UM FENÔMENO QUE SEMPRE PRESENTE E DE DOMÍNIO DOS PROFESSORES. POPHAM (2011) SUSPEITA QUE OS PROFESSORES CONFUNDEM A
CAPACITAÇÃO ESTATÍSTICA COM A CAPACITAÇÃO EM AVALIAÇÃO. ENTRETANTO, ESSE CONHECIMENTO NÃO É PROBLEMATIZADO, E MENOS AINDA OS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, COMO SE ELES NÃO PUDESSEM CONTER SEVERAS RESTRIÇÕES. NESSE QUADRO, PARA A INVESTIGAÇÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, EFETUAMOS UMA SELEÇÃO DE AUTORES, NOTADAMENTE FORA DO BRASIL, QUE SE DEDICARAM AO TEMA, COM APORTES TEÓRICOS E INDICAÇÕES METODOLÓGICAS, E DESENVOLVEMOS UM ROTEIRO DE ENTREVISTAS PARA APREENDER OS CONHECIMENTOS E, EM ESPECIAL, AS CRENÇAS DOS PROFESSORES SOBRE AVALIAÇÃO. COM AS ENTREVISTAS, AINDA QUE DEVAM SER REPLICADAS, FOI POSSÍVEL IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS FONTES DE CONHECIMENTO A RESPALDAR A PRÁTICA DE PROFESSORES EM AVALIAÇÃO E APREENDER ALGUMAS DAS
CONCEPÇÕES MAIS PRESENTES NO COTIDIANO ESCOLAR SOBRE A TEMÁTICA. DADOS DA PESQUISA, INCLUINDO ATIVIDADES NO ÂMBITO DO PIBID E DO RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA, INDICAM QUE MUITAS VEZES A AVALIAÇÃO QUE OS PROFESSORES FAZEM NÃO É EXATAMENTE DA APRENDIZAGEM, POIS CONSIDERAM ASPECTOS DE OUTRAS DIMENSÕES, COMO É O CASO NOTÓRIO DE COMPORTAMENTO E PARTICIPAÇÃO, COM TODA SORTE DE SUBJETIVIDADE. AO QUE PARECE, O QUE ENCONTRAMOS HOJE NAS ESCOLAS É UM CICLO DE FORMAÇÃO INFORMAL, ARRAIGADO DO SABER-FAZER E DO SABER-SER (TARDIF, 2005, P. 61) QUE PERPETUA EQUÍVOCOS DE UMA PRÁTICA REPRODUZIDA DA EXPERIÊNCIA DOCENTE ENQUANTO ALUNO SEM OS NECESSÁRIOS DOMÍNIOS TÉCNICOS. O PROCESSO DE AVALIAÇÃO É UMA DAS TAREFAS MAIS COMPLEXAS ENTRE AS ATRIBUIÇÕES DO PROFESSOR, POIS É UMA ATIVIDADE QUE CONSOME MUITO TEMPO PROFISSIONAL, COM DEMANDAS ÉTICAS, JUSTAS E OBJETIVAS, ALÉM DA NECESSIDADE CONSTANTE DE DIMINUIR A SUBJETIVIDADE NA TOMADA DE DECISÃO, POIS ESTA SE DESDOBRARÁ NA VIDA ESCOLAR E SOCIAL DOS ALUNOS. COM EFEITO, É COERENTE AFIRMAR QUE A INSTRUMENTALIZAÇÃO DOS PROFESSORES É NECESSÁRIA PARA QUE POSSAM DAR CONTINUIDADE AO SEU PROCESSO DE ENSINO E CONTRIBUIR PARA A ELEVAÇÃO DA APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES, JUSTIFICANDO QUE A FORMAÇÃO EM AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SE MOSTRA INDISPENSÁVEL. PARA ENFRENTAR O DESAFIO DE UMA PRÁTICA AVALIATIVA QUE CONTRIBUA PARA UM MELHOR DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DAS APRENDIZAGENS DISCENTES, É IMPORTANTE TRAZER À TONA ESSA TAREFA INTRÍNSECA AO FAZER DOCENTE, NÃO APENAS COMO DISCUSSÃO, MAS COMO AÇÃO ATIVA, INVESTIGANDO ATRAVÉS DOS PRÓPRIOS
PROFESSORES, COMO ESTÃO APRENDENDO A AVALIAR E COMO ESTÃO AVALIANDO. ESSES RESULTADOS POSSIBILITAM DESENVOLVER PROBLEMATIZAÇÕES COM OBJETIVO DE MOBILIZAR AS CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES
FAVORECENDO PROCESSOS FORMATIVOS QUE LEVE-OS A COLOCAR SUA AVALIAÇÃO EM QUESTÃO COM VISTAS A APRIMORÁ-LA.