LEITURA E COTIDIANO ESCOLAR: A LITERATURA NA SALA DE AULA DO CEPAE/UFGProposta da Sessão Coordenada:A competência leitora da criança e do jovem há muito vem sendo apontada como determinante no processo de aprendizagem e no desempenho dos estudantes brasileiros, daí não serem poucos os estudos e pesquisas que têm a leitura como objeto de investigação, e entre as diversas expressões de linguagem dadas a ler, a literatura se coloca como uma manifestação que amplifica o alcance da cognição, dada sua natureza marcadamente subjetiva e sua função inequivocamente emancipatória. A abordagem da língua pela via dos gêneros discursivos, observada na imensa maioria das propostas de ensino da área e devidamente sustentada em estudiosos da linguagem e do discurso, redimensionou, em certa medida, o status da literatura no currículo escolar, situando-a no plano dos outros gêneros veiculados na sala de aula. Essa abordagem, inicialmente mal interpretada como reducionismo da literatura, cumpriu um oportuno papel na prática leitora escolar, o de desmitificar o discurso literário, aproximando-o dos outros gêneros encontradiços no cotidiano da sala de aula. Assim, não obstante os estranhamentos entre os discursos pedagógico e literário, que por muito tempo assombraram a literatura na escola, é corrente, hoje, senão a prática em si, a expressão “letramento literário”, pronunciada com a devida deferência e preocupação pelos professores de língua materna. A presente sessão coordenada, atendendo aos propósitos de um evento que problematiza a relação entre literatura e ensino, tem como pretensão refletir sobre o alcance da literatura na escola, mediante a apresentação de práticas de leitura realizadas no âmbito da sala de aula, em conformidade com um projeto de ensino determinado pelo investimento na leitura literária como atividade que, para além da cognição linguística, promove a formação e humanização das crianças e jovens leitores.Resumos:“SÓ NÃO GOSTEI DO FINAL”: CONCLUSÕES SINCERAS DO LEITOR JUVENILMaria de Fátima CRUVINEL (Cepae/UFG)Seis vezes Lucas, de Lygia Bojunga Nunes, é uma obra que reúne uma série de conflitos próprios do universo da criança, todos eles associados ao sentimento de medo, traço determinante na constituição do protagonista. Dada a ler a turmas de 7º ano do Ensino fundamental, com alunos em idade próxima à do protagonista, essa obra compõe um projeto de leitura literária cujo objetivo maior é a promoção da experiência estética, considerando, especialmente, a provocação ao leitor no que a literatura apresenta como função inequívoca: a reflexão sobre a natureza humana mediada pela linguagem, o que pode refletir na compreensão do leitor sobre si na relação com o outro. Ao trazer a experiência de uma prática leitora desenvolvida em sala de aula, este estudo pretende reafirmar a possibilidade de a literatura frequentar assiduamente a escola, cumprindo sua função estética e humanizadora.LITERATURA COMO ESCRITURAMaria Alice de Sousa CARVALHO (Cepae/UFG)Objetiva-se, com este trabalho, discutir a condição de escritura da literatura. Para isso, tomaremos como referencial uma imbricação entre dois autores, Lacan e Barthes. O primeiro, por relacionar a noção de significante à tentativa de metaforizar o vazio, a das Ding como aborda o mundo freudiano, argumentação que traz no seu O seminário, livro VII: a ética da psicanálise (2008). Barthes por apresentar no seu livro O prazer do texto (1996) uma diferença entre textos. Para ele, existem dois tipos de textos, o do prazer e o da fruição. Enquanto o primeiro contenta, o segundo é aquele que desconforta, que provoca crise. Espera-se que essa reflexão possa nos ajudar a elaborar experiências com a literatura infantil e juvenil na escola, de modo que a linguagem seja vista como condição de elaboração, ou seja, constituidora de subjetividades, e não como instrumento de comunicação.DIÁRIO DE LEITURA: EXPERIÊNCIAS COM A LITERATURA NA EDUCAÇÃO BÁSICAJoana Rosa de ALMEIDA (Cepae/UFG)A presente comunicação objetiva refletir sobre a prática de letramento escolar em que a leitura e a escrita sejam mediadas por diversos tipos de textos, especialmente o literário, voltado para o leitor infantil. Para tanto, apresentaremos a contribuição do Diário de Leitura como gênero capaz de levar o leitor a expressar sua experiência de leitura, tornando-o sujeito no processo de produção oral e escrita, uma vez que as palavras servem de trama para tecer as relações sociais. Sendo assim, trata-se de uma proposta de trabalho com a literatura infantil, que visa ir além da tarefa escolar, na medida em que possibilita a construção de sentidos pelo leitor.