A PARTIR DA DÉCADA DE 70, A PRODUÇÃO LITERÁRIA ADERE À HISTORICIDADE, ASSUMINDO CARACTERÍSTICAS DE UM DESDOBRAMENTO ESTÉTICO. NESSE MOMENTO A ESCRITA É TIDA COMO REFERÊNCIA DOS ROMANCES DO PERÍODO DITATORIAL. ALGUNS RECURSOS SÃO UTILIZADOS PELOS ESCRITORES EM SUAS OBRAS, COMO O DIÁLOGO REPLETO DE IRONIA, RECORREM-SE TAMBÉM AO DIÁRIO, OPTAM PELO SILÊNCIO, PELO ROMPIMENTO DA AÇÃO NARRATIVA E PELA PRESENÇA DA LINGUAGEM JORNALÍSTICA. NESSE CONTEXTO, ALGUMAS OBRAS FORAM SIGNIFICATIVAS PARA O RESSURGIMENTO DA PRODUÇÃO LITERÁRIA E SUAS REPERCUSSÕES TANTO NA HISTÓRIA QUANTO NA LITERATURA NACIONAL. ASSIM SENDO, ESTE TRABALHO ANALISA A FORMA COMO A VIOLÊNCIA É REPRESENTADA NO ROMANCE A FESTA (1976), DO JORNALISTA E ESCRITOR IVAN ÂNGELO, COM O INTUITO DE EVIDENCIAR AS ESTRATÉGIAS DO AUTOR AO RELATAR, POR MEIO DA ARTE, UM MOMENTO DA HISTÓRIA DO PAÍS, EM UM PERÍODO DE VIOLÊNCIA E AUTORITARISMO. A OBRA APRESENTA UM CARÁTER FRAGMENTÁRIO, QUE BUSCA REPRESENTAR, EM SUA REAL “FACE”, A DITADURA CIVIL MILITAR NO BRASIL, NOS “ANOS DE CHUMBO”, A FIM DE ELUCIDAR SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA. O PERÍODO DITATORIAL FOI MARCADO POR SENTIMENTOS COMO A INSEGURANÇA, A INCERTEZA, A SOLIDÃO, A DOR, A INIQUIDADE, A INJUSTIÇA E O MEDO. ESSE CONTEXTO EXPÕE QUE A HISTÓRIA DE FORMAÇÃO DO PAÍS É TECIDA SOB O VIÉS DA VIOLÊNCIA, COMO OBSERVA CANDIDO (1972), AO AFIRMAR QUE O ESTADO SE IMPÕE AUTORITARIAMENTE SOBRE A SOCIEDADE CIVIL, SUBVERTENDO VALORES E DEIXANDO-A COM TRAUMAS QUE JAMAIS SERÃO SUPERADOS. PARA TANTO, ESTA PESQUISA BALIZOU-SE EM ARTIGOS HISTÓRICOS, SOBRETUDO QUANTO AO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO PAÍS, E OBRAS BIBLIOGRÁFICAS DE CUNHO CRÍTICO-LITERÁRIO. A NARRATIVA EM ANÁLISE NÃO APRESENTA UM DESFECHO “ACABADO”, AS HISTÓRIAS SÃO INTERROMPIDAS, ASSIM COMO AS VIDAS E HISTÓRIAS DE MUITOS BRASILEIROS DURANTE ESSE PERÍODO DITATORIAL. ESCRITAS COMO AS DE ÂNGELO, QUE RETRATAM UMA REALIDADE DE DOR EM UMA NAÇÃO, TRAZEM À LUZ A DISCUSSÃO SOBRE PROBLEMÁTICAS QUE SE ARRASTAM ATÉ OS DIAS ATUAIS, PRINCIPALMENTE NOS ÚLTIMOS ANOS.