A LITERATURA PORNOGRÁFICA POSSUI, NA ATUALIDADE, UM LUGAR ESTÁVEL AINDA QUE MARGINAL, ISTO PORQUE, MESMO SENDO CONSUMIDA, ELA CARREGA O ESTIGMA HISTÓRICO E MORALIZANTE QUE LHE FOI ATRIBUÍDO. É, POIS, POR PERCEBER AINDA HOJE OS RESQUÍCIOS DO VILIPÊNDIO OUTORGADO A ESSAS PRODUÇÕES QUE NOS PROPOMOS A ANALISAR, ATRAVÉS DAS PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA CULTURAL E DA HISTÓRIA DA LITERATURA, A RECEPÇÃO DAS OBRAS PORNOGRÁFICAS ANTICLERICAIS NO BRASIL DE OITOCENTOS, TOMANDO, COMO RECORTE, A OBRA, DE EÇA DE QUEIROZ, O CRIME DO PADRE AMARO (1871) PELO SEU CARÁTER PORNOGRÁFICO E, MAIS ESPECIFICAMENTE, PELOS ASPECTOS PORNOGRÁFICOS ANTICLERICAIS NELA PRESENTES. DEBRUÇAMO-NOS NESTA PESQUISA SOBRE QUAL O IMPACTO O ROMANCE DE EÇA DE QUEIROZ, ENQUANTO UMA OBRA PORNOGRÁFICA ANTICLERICAL, CAUSOU NOS CRÍTICOS LITERÁRIOS/EDITORES NO BRASIL DE OITOCENTOS. USAREMOS COMO FONTE E LOCUS DE COLETA DO CORPUS DESTE ESTUDO OS PERIÓDICOS PERTENCENTES A IMPRENSA TRADICIONAL E CIRCULANTES NO BRASIL NOS ANOS DE 1870 A 1880, EM ESPECIAL OS COMENTÁRIOS TECIDOS ACERCA DA OBRA DE QUEIROZ NELES PRESENTES, DESCARTANDO AQUELES SEM QUALQUER RELAÇÃO CRÍTICA OU MÍNIMA REFLEXÃO SOBRE A OBRA, ISTO É, AQUELES QUE APENAS A MENCIONAM. TOMANDO COMO BASE TEÓRICO-METODOLÓGICA, PRINCIPALMENTE, AZEVEDO E FERREIRA JÚNIOR (2019), CHARTIER (2002) E MAINGUENEAU (2010), ANALISAREMOS O QUE FOI DITO SOBRE OBRA PORNOGRÁFICA, BUSCANDO DETERMINAR A RECEPÇÃO DESTA PELA CRÍTICA LITERÁRIA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX. A PARTIR DA BUSCA REALIZADA NOS PERIÓDICOS, UTILIZANDO A FERRAMENTA DE PESQUISA DA HEMEROTECA DIGITAL, OBTIVEMOS UM TOTAL DE 221 OCORRÊNCIAS DISTRIBUÍDAS EM 31 PERIÓDICOS. ALICERÇADOS NOS DADOS COLETADOS E NA SUA ANÁLISE, PERCEBEMOS O APAGAMENTO, NOS PERIÓDICOS, DE CRÍTICAS E/OU COMENTÁRIOS ASSERTIVOS ACERCA DO CRIME DO PADRE AMARO, PELO MENOS ATÉ O LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO DESSA OBRA. SUA PRESENÇA SENDO PERCEPTÍVEL PRINCIPALMENTE EM MENÇÕES DIMINUTAS E ANÚNCIOS DE LIVRARIAS VEICULADOS NOS JORNAIS. ESSE APAGAMENTO DE UM LIVRO QUE, ATUALMENTE, RECEBE O TÍTULO DE OBRA CANÔNICA, NOS FAZ REFLETIR SOBRE O LUGAR DA LITERATURA PORNOGRÁFICA ANTICLERICAL NO BRASIL OITOCENTISTA E SOBRE A CONSTANTE NECESSIDADE DE ESTUDOS ACERCA DAS RELAÇÕES ESTABELECIDAS ENTRE PERIÓDICOS-OBRAS-COMUNIDADE LEITORA PARA CONHECERMOS COM MAIOR PROFUNDIDADE A PLURALIDADE DA NOSSA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA.