AS ESTEREOTIPIAS MOTORAS ESTÃO PRESENTES EM MUITOS SUJEITOS DIAGNOSTICADOS COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E SÃO VISTAS TRADICIONALMENTE PELA PERSPECTIVA CLÍNICA COMO SEGMENTOS SEM ESTATUTO DE LINGUAGEM E SEM SENTIDO APARENTE. COM ESTE TRABALHO, INTENCIONAMOS ANALISAR O TEOR SIMBÓLICO DAS ESTEREOTIPIAS MOTORAS EM UMA CRIANÇA AUTISTA EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM. ESPECIFICAMENTE, A PARTIR DO ESTUDO, OBJETIVAMOS VERIFICAR E DESCREVER A RELAÇÃO ENTRE ESTEREOTIPIAS MOTORAS E PRODUÇÃO VOCAL EM CONTEXTOS INTERATIVOS. A PESQUISA É UM ESTUDO DE CASO DE NATUREZA QUALITATIVA DE UMA CRIANÇA AUTISTA, DO SEXO FEMININO. A COLETA DE DADOS FOI REALIZADA ATRAVÉS DE FRAGMENTOS AUDIOVISUAIS REGISTRADOS NO BANCO DE DADOS DO GRUPO DE ESTUDOS E ACOLHIMENTO AO ESPECTRO AUTISTA– GEAUT/UNICAP DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA LINGUAGEM (PPGCL) DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO. A TRANSCRIÇÃO DOS DADOS FOI EFETUADA COM O SOFTWARE EUDICO LINGUISTIC ANNOTATOR, MAIS CONHECIDO COMO ELAN, QUE É UMA FERRAMENTA QUE POSSIBILITA O REGISTRO E ANOTAÇÕES DE ÁUDIO E VÍDEO SIMULTANEAMENTE. CONSIDERANDO A PROPOSTA MULTIMODAL COMO UM CAMINHO PRODUTIVO PARA ANÁLISE, RESPALDAMO-NOS TEORICAMENTE NOS TRABALHOS DE KENDON (1982, 2000, 2017), MCNEILL (1992, 2000, 2006), BUTCHER; GOLDIN-MEADOW (2000), GOLDIN-MEADOW (2009, 2015), CAVALCANTE (2018) E DENTRE OUTROS, UMA VEZ QUE OS GESTOS PODEM APRESENTAR FUNÇÃO COMUNICATIVA E SEREM CONSIDERADOS COMO ELEMENTOS DE CUNHO ENUNCIATIVO. NESSE SENTIDO, AS ESTEREOTIPIAS PODEM ASSUMIR ESSE PAPEL CONFORME PROPÕEM BARROS E FONTE (2016) E FONTE E BARROS (2019). ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO DOS DADOS, CONSTATAMOS QUE A CRIANÇA AUTISTA REALIZOU ESTEREOTIPIAS MOTORAS EM DIVERSIFICADOS CONTEXTOS ENUNCIATIVOS, COM AUSÊNCIA OU OCORRÊNCIA DE PRODUÇÃO VOCAL. OS MOVIMENTOS GESTUAIS FUNCIONARAM SIMBOLICAMENTE COMO UM GESTO PRIMITIVO INTEGRADO AO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E, CONSEQUENTEMENTE, ÀS DINÂMICAS DE INTERAÇÃO. ASSIM, EXCEDERAM OS LIMITES DA PERSPECTIVA CLÍNICA, ATUANDO COMO SEGMENTOS DE SENTIDO E INTERAÇÃO NO QUADRO ESPECÍFICO DO AUTISMO.