O PENSAMENTO DE ANTONIO CANDIDO TEM ACOMPANHADO AS PESQUISAS ACADÊMICAS NO BRASIL DESDE MEADOS
DO SÉCULO XX, SOBRETUDO POR ENFOCAR AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E SOCIEDADE. ESSA DIRETRIZ TEÓRICA, QUE
RECUPERA CONEXÕES DA ESTÉTICA COM REPRESENTAÇÕES IDEOLÓGICAS, HISTÓRICAS, POLÍTICAS E ECONÔMICAS FOI
INSTITUÍDA PELO CRÍTICO EM CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA COMPREENDER O PAÍS E SUA CULTURA. ENTRE ELES,
CITAMOS O DIÁLOGO ENTRE O PROCESSO FORMATIVO DA LITERATURA E A TRADIÇÃO; O PRINCÍPIO DA CASUALIDADE
INTERNA; AS RELAÇÕES DIALÉTICAS DAS LETRAS COM A SOCIEDADE; O CONCEITO DE SISTEMA, ALÉM DO PAPEL DA
LITERATURA PARA A FORMAÇÃO DO HOMEM. ESSAS SÃO PROPOSIÇÕES QUE GUIARAM UMA RELEVANTE PRODUÇÃO
ACADÊMICA E PESSOAL NA HISTÓRIA INTELECTUAL BRASILEIRA. EM DIREÇÃO ANÁLOGA, MAS COM DISTINÇÕES
SUBSTANCIAIS, SEGUIRAM AS TEORIZAÇÕES QUE EMBASARAM A CRIAÇÃO DOS ESTUDOS CULTURAIS, CUJO HORIZONTE
ANTEVIA A INGLATERRA SOB UMA TRADIÇÃO QUE IGNORAVA NOVAS FORMAS DE VIDA COM A INDUSTRIALIZAÇÃO QUE
VIGIA DESDE FINS DO SÉCULO XIX. OS SEUS FUNDADORES, RICHARD HOGGART, RAYMOND WILLIAMS E EDWARD
THOMPSON, PARTILHAVAM A VISÃO DE QUE A HISTÓRIA É CONSTRUÍDA A PARTIR DA INTERAÇÃO ENTRE A CULTURA E AS
RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E, CONSEQUÊNCIA DA INTERSECÇÃO DESSES UNIVERSOS, ELES ENCETARAM UMA REAVALIAÇÃO
NA FORMA DE APREENDER A IDEIA DE ARTE. NESTE SENTIDO, EM SUAS TEORIZAÇÕES DEU-SE UMA CESURA ENTRE ALTA E
BAIXA CULTURA, SENDO ACOLHIDAS MÚLTIPLAS EXPRESSÕES SIMBÓLICAS, COMO A CULTURA POPULAR E DE MASSA, ALÉM
DE REVISITAR REPRESENTAÇÕES SUBALTERNAS NAS OBRAS LITERÁRIAS, PROBLEMATIZANDO A PERCEPÇÃO DE GÊNERO,
IDENTIDADE E QUESTÕES ÉTNICAS, ENFOQUES QUE PASSARAM A VALORIZAR A ÉTICA IMPLICADA NA ESTÉTICA.