A ESCRITORA MARIA PEREGRINA DE SOUSA (1809-1894), APESAR DA OBRA QUE ESPALHOU EM PERIÓDICOS E ALMANAQUES EM PORTUGAL E NO BRASIL, DOS ROMANCES QUE PUBLICOU, E DE TER SIDO ELOGIADA E ATÉ BIOGRAFADA POR ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO, SOFREU, COMO OUTRAS SUAS CONTEMPORÂNEAS, UM APAGAMENTO NA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA. APENAS RECENTEMENTE ALGUNS PESQUISADORES TÊM BUSCADO RECUPERAR SEUS ESCRITOS E ANALISÁ-LOS. MARCAM SUA PRODUÇÃO, TANTO EM PROSA QUANTO EM VERSO, A DISCUSSÃO SOBRE OS PAPÉIS E AS OPORTUNIDADES DE VIDA DAS MULHERES NA SOCIEDADE PORTUGUESA OITOCENTISTA E CERTO OLHAR ETNOGRÁFICO PELA RECUPERAÇÃO DE TRADIÇÕES E COSTUMES POPULARES, SOBRETUDO DO NORTE DE PORTUGAL. PRETENDEMOS, NESTE TRABALHO, APRESENTAR ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE QUESTÕES DE GÊNERO LEVANTADAS POR PEREGRINA EM SEU ROMANCE PEPA, PUBLICADO EM 1848 NA REVISTA ÍRIS, EDITADA NO RIO DE JANEIRO POR JOSÉ FELICIANO DE CASTILHO BARRETO E NORONHA. ACREDITAMOS QUE MARIA PEREGRINA SE APROPRIA E SUBVERTE UM MODELO DE CONTO TRADICIONAL PORTUGUÊS RELACIONADO COM O TRAVESTISMO, AS HISTÓRIAS DE AFILHADAS DE SANTO, PARA COMPOR SEU ROMANCE. ASSIM, A CONFIGURAÇÃO DA PERSONAGEM HOMÔNIMA À NARRATIVA PROBLEMATIZA, PELO ESTRANHAMENTO, OS COMPORTAMENTOS FEMININOS DAQUELA SOCIEDADE.