DESNATURALIZADAS PELA SUA INSCRIÇÃO NO POLÍTICO-IDEOLÓGICO, AS FEIÇÕES DO CORPO SE TORNAM SIGNOS CORPÓREO-DISCURSIVOS. A SOBRANCELHA ARQUEADA, O ROSTO AFILADO, AS MÃOS DELICADAS OU FORTES, OS CONTORNOS DO QUADRIL, DA SILHUETA, EM SUMA, NO DEPARO COM CORPO, BUSCA-SE/CONSTRÓI-SE, NUMA RETOMADA À MEMÓRIA DO VISÍVEL, UMA ARQUITETURA (IN)COERENTE, (DES)HARMÔNICA COM O GÊNERO. ESSA (IN)CONFORMAÇÃO ANATÔMICA DE GÊNERO GOLPEIA O NOSSO OLHAR E, NESSE MESMO GESTO, SINALIZA PARA OS SENTIDOS DE MASCULINIDADES E FEMINILIDADES. AO TOMAR COMO PONTO DE PARTIDA ESSAS REFLEXÕES SOBRE A ARQUITETURA OU ENGENHARIA SOCIAL E DISCURSIVA DO CORPO, DISCUTO, NESSE TRABALHO, COMO A MATERIALIDADE CORPÓREA É INDISSOCIÁVEL DOS OLHARES QUE O PERSCRUTAM E QUE O DIZEM, DE MODO QUE SEMPRE JÁ HÁ SENTIDO NO CORPO, POIS SÓ O INTERPRETAMOS PELO/NO ATRAVESSAMENTO ENTRE A LÍNGUA E O DISCURSO. MAIS QUE ISSO, NELE/SOBRE ELE INCIDE UM REGIME DE SENTIDOS DA ORDEM DO VISÍVEL QUE DETERMINA UM ARRANJO COMPLEXO DE CAMPOS DE LEGIBILIDADE E INTELIGIBILIDADE. EM RAZÃO DISSO, TENHO INTERESSE EM PROBLEMATIZAR A SIGNIFICAÇÃO DO CORPO PELO/NO TENSIONAMENTO ENTRE SENTIDOS TRANS E CISGÊNEROS. NA TENTATIVA DE VIABILIZAR TAIS REFLEXÕES, CONVOCO A TEORIA DO DISCURSO, CENTRADA, DENTRE OUTROS, NAS IDEIAS DE PÊCHEUX (1975, 1983) E FOUCAULT ([1969] 1999), E, AINDA, ME UTILIZO DA NOÇÃO DE PERFORMATIVIDADE, A PARTIR DAS PONDERAÇÕES DE JUDITH BUTLER (2006). ALGUNS RESULTADOS DESSA INVESTIGAÇÃO DÃO CONTA DE QUE O DISCURSO SOBRE O CORPO FUNCIONA PELA CONFLUÊNCIA DE SENTIDOS TRANS E CISGÊNEROS, QUE LEGITIMAM O CORPO, DE MODO A PERFORMATIZAR MASCULINIDADES E FEMINILIDADES.