O presente artigo pretende analisar o pensamento político de Marx, ressaltando sua crítica à emancipação meramente político-civil enquanto forma política particular do Estado moderno, na qual se revela a dissolução dos referenciais comunitários em prol da sociedade civil burguesa e desta em relação ao Estado e, por conseguinte, os limites da política democrático-burguesa e do próprio Estado na consumação dos interesses coletivos da sociedade. Para tal investigação utilizaremos a obra teórica de Marx, especialmente o texto “Para a Questão Judaica” (1844), no qual Marx explicita os limites da emancipação meramente política, sem, no entanto, desconsiderá-la. Na medida em esta não se constitui a via da consumação da universalidade, não consegue resolver o enigma central que a modernidade nos revela, a separação entre o Estado e a sociedade civil. Isso implica reconhecer que as consequências resultantes dessa contradição exacerbam a lógica social que rege a sociedade capitalista que, assentada no trono do individualismo, da desigualdade e da exploração, se apresenta como um impeditivo para e realização da própria cidadania, o pleno desenvolvimento dos indivíduos e, por conseguinte, da emancipação humana universal. Esta, entendida como a resolução prática da antítese entre o particular e o universal, do conflito entre o burgeois e o citoyen, realizar-se-á tão somente quando for restituída ao homem sua força social como força política.