A água é uma riqueza natural e no Semiárido brasileiro ela é de crucial importância para os povos da região. Nas áreas cristalinas, a baixa disponibilidade e qualidade da água têm comprometido a geração de riquezas e, consequentemente, a manutenção do homem no campo. A responsabilidade ou irresponsabilidade ambiental representam condutas opostas de visão e comportamento humano sobre o meio ambiente. Enquanto a opção do trilhar responsável favorece o equilíbrio ecossistêmico e a legitimidade do uso sustentável dos recursos naturais, a conduta oposta tem acelerado o desequilíbrio natural nos ecossistemas, a partir de um continuado processo de degradação do meio físico determinado pelos padrões de ocupação e formas de apropriação da terra pelo homem. Tendo em vista a importância das microbacias de nascentes como fontes primárias de alimentação, manutenção e equilíbrio de aqüíferos, reservatórios superficiais e cursos d'água de uma região é que foi proposto e executado o presente projeto de pesquisa cujo objetivo principal foi o de avaliar e indicar a situação natural corrente nas áreas de microbacias de nascentes do Rio Guajirú. Neste artigo são apresentados os resultados do mapeamento do uso e cobertura da terra no alto curso desse rio com suporte de dados de campo e apoio de geotecnologias. As indicações preliminares coletadas na literatura dão conta de que as formas de ocupação antrópica, baseadas na pecuária leiteira e de corte, na monocultura da cana de açúcar e, mais recentemente, na ampla ocupação por assentamentos rurais, têm propiciado, ao longo do tempo, a degradação ambiental das nascentes e cursos d’água investigados nessa área. O rio Guajirú é o segundo principal afluente do Rio Doce e drena diretamente para a Lagoa de Extremoz. A área de estudos compreende o alto curso do rio e está limitada pelos paralelos 05° 47’ 05” e 05° 40’ 33” de latitude Sul e os meridianos de 035° 31’ 41” e 035° 25’ 09” de longitude oeste Gr. Abrange os municípios de Ielmo Marinho, Ceará Mirim e São Gonçalo do Amarante, todos localizados na região de transição Leste-Agreste do Estado do Rio Grande do Norte, que é de média precipitação pluviométrica e com características de clima semiárido. Suas principais vias de acesso são a BR 101, sentido zona norte de Natal - Ceará Mirim, e a BR 406, que chega até o aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Foram empregadas imagens de satélite de alta resolução espacial obtidas na página do Google Earth Pro e implementado um banco de dados geográficos no Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas – SPRING, versão 5.2.8. A metodologia foi baseada em geoprocessamento e processamento digital de imagens, com emprego da técnica de classificação supervisionada MAXVER. O índice de aceitação pela estatística Kappa superior a 94% indicativo uma classificação satisfatória, também validada no terreno. Foram identificados campos antropizados, corpos d’água, culturas, planícies e áreas úmidas, pastagem, solos arenosos, solos areno-argilosos, além de fragmentos de mata nativa. Os resultados mostram que a classe pastagem apresenta maior predomínio, seguida dos campos antropizados, enquanto os corpos d’água ocupam pouco mais de 1% da área total de estudos. Os resultados alcançados atestam que as microbacias de nascentes estão totalmente desmatadas, comprometendo a recarga e os fluxos de água superficial e de sub-superfície, confirmando um quadro preocupante de degradação ambiental.