O Brasil tem uma rica história de uso de plantas medicinais no tratamento dos problemas de saúde da população, uso este construído com base na experiência e transmitido de forma oral (BRUNING et al., 2012). No Estado da Paraíba a utilização de plantas medicinais com fins terapêuticos ainda é bastante comum, principalmente no meio rural e no urbano de baixo poder aquisitivo (MARINHO., 2006). Estudos etnobotânicos nesta região devem ser incentivados visando uma melhoria do tão precário quadro da saúde da população, conciliando a experiência popular com o conhecimento científico, para que se tenha uma fitoterapia segura e eficaz. Em se tratando da universidade e tendo em vista o papel que ela representa na formação do indivíduo e a sua potencialidade de estimular a criação de conceitos, assim como sua atitude questionadora e crítica em relação à realidade, o presente trabalho objetivou investigar o nível de conhecimento, crença e utilização de plantas medicinais entre participantes de um simpósio, organizado por uma universidade. Essa pesquisa foi desenvolvida em um minicurso intitulado: Utilização de plantas medicinais (Fitoterapia), ministrado durante o IV Simpósio Patoense de Biologia, no município de Patos-PB, organizado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagens quantitativa e qualitativa. Os dados foram coletados durante o minicurso. O instrumento usado para a coleta de dados foi um questionário estruturado composto por duas partes: dados sociais dos participantes e questões, objetivas e subjetivas, referentes ao conhecimento e à utilização de plantas medicinais. Em seguida foi ministrada uma palestra sobre a importância do uso correto de plantas medicinais para a saúde do usuário e formas de preparo de fitoterápicos. Os dados obtidos com a aplicação dos formulários foram armazenados em um banco de dados desenvolvido no programa Microsoft Excel® (2016). Foram utilizados gráficos contendo frequências relativas e uma tabela com as plantas utilizadas e suas indicações terapêuticas. A população foi constituída por 34 participantes do minicurso, com idade de 16 a 49 anos. Destes, 27 eram do sexo feminino e 7 do sexo masculino. Todos sabiam o que é uma planta medicinal e acreditavam na cura de enfermidades através da fitoterapia. Foram citadas 21 espécies de plantas medicinais distribuídas em 16 famílias botânicas. As plantas medicinais mais citadas foram erva cidreira (21,1%), chá verde (5,2%), macela (8%), romã (8%), hortelã (8%) e camomila (8%). A erva cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown) apresentou as seguintes indicações terapêuticas: diarreia, digestão, afecções estomacais, aperiente, calmante, dor de cabeça e dores musculares. A própria residência (61,76%) foi o local mais próximo onde os entrevistados podiam encontrar plantas medicinais. O chá (43,33%) e o xarope (33,33%) foram os remédios caseiros mais utilizados pelo público-alvo e o aprendizado sobre o uso de plantas medicinais foi adquirido principalmente através da família (56,61%). Com essas informações é possível notar que os entrevistados detêm um conhecimento popular acerca do uso de plantas medicinais e a crença e a prática da medicina caseira são transmitidas ao longo das gerações. Nenhum informante citou a Universidade como fonte de aquisição de conhecimentos sobre esse tema. Demonstrando assim que as Instituições de Ensino Superior não têm contribuído, de forma significativa, na difusão de conhecimentos científicos sobre a utilização de plantas medicinais. Contudo, faz-se necessário a participação das instituições de ensino na divulgação do uso correto de plantas medicinais, buscando assim melhores condições de vida para população.