A mulher quilombola se encontra dentro deste contexto de vulnerabilidade social e de sobrevivência, desempenhando seus importantes papeis e enfrentando os obstáculos de raça e gênero impostos pela sociedade. As dificuldades também se refletem no acesso aos serviços de saúde, bem como nas políticas públicas de saúde que atendam a esse grupo específico. A literatura sobre o uso de serviços de saúde pela população quilombola no Brasil é escassa e suas condições de saúde são pouco investigadas. Fazendo outro recorte, ainda menos explorados são os estudos voltados para a saúde das mulheres quilombolas, o que pode ser um reflexo das desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras no Brasil. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo revisar as literatura existentes a fim de avaliar as publicações sobre a temática da saúde das mulheres em comunidades quilombolas. Objetivos específicos: Verificar quais os temas estão relacionados aos estudos em saúde da mulher descendentes quilombolas; Identificar os motivos pelos quais os estudos sobre a temática são escassos; Apresentar aos profissionais de saúde uma reflexão sobre as questões pertinentes às mulheres descendentes de quilombolas. Para tanto, usou-se como metodologia um estudo descritivo realizado por meio de uma revisão de literatura do tipo integrativa acerca dos trabalhos existentes a respeito da saúde da mulheres descendentes de quilombolas nas seguintes bases de dados on-line/portais de pesquisa: Periódicos Capes, Google acadêmico, SCIELO, e LILACS, entre os anos de 2007 e 2017. Foram selecionados 10 trabalhos que preencheram os critérios de inclusão e os objetivos da revisão. Os resultados demonstraram uma carência de literaturas que discutam a temática proposta, constituindo principalmente de publicações recentes (entre 2014 e 2016), e que privilegiam assuntos voltados a saúde reprodutiva feminina. Pertinente também foi constatar que a localização dos estudos tem uma maior concentração na região nordeste. É relevante relatar o trabalho de Viegas e Vargas (2016), o qual analisa os serviços básicos de saúde prestados às mulheres negras do povoado Castelo, MA. Neste estudo, observou-se uma preocupação em se questionar os serviços de saúde prestados às mulheres quilombolas, bem como a efetivação das políticas públicas de saúde existentes, voltadas a esta população, neste dito município. Pode-se concluir que a saúde da mulher quilombola ainda é um tema pouco privilegiado e as publicações existentes ainda apresentam um enfoque reducionista quanto as necessidades de saúde desta população, voltando-se, principalmente para seu aspecto reprodutivo, deixando a parte a integralidade da assistência. Este fato está, possivelmente, associado as discriminações de raça e gênero que esta população ainda enfrenta nas estruturas sociais, colocados a margem da sociedade, o que reflete no seu acesso a saúde, bem como na sua relevância como tema a ser debatido. É um campo de estudos, pesquisas e assistência reconhecido do ponto de vista da legitimidade política, que no entanto, ainda se encontra em construção e com dificuldades políticas e ideológicas, sendo necessária uma sensibilização dos gestores, instituições e profissionais de saúde, dentre outros envolvidos, para a prestação de ações conjuntas com vistas a integralidade, universalidade e equidade; bem como novos estudos que avancem nas discussões da temática.