RESUMO
A fauna de determinada região pode ser estudada por gerações futuras se os exemplares
permanecerem em condições de estudo, sendo testemunhos da biodiversidade existente na
natureza. Para que isso ocorra as coleções zoológicas depositadas em museus servem de
testemunho e por isso precisam ser preservadas. O conhecimento dos moluscos existentes em
uma determinada região, inclusive os invasores, bem como seus nichos ecológicos e
microhabitats, é importante para a saúde e economia do ser humano, visto que vários
gastrópodes podem ser vetores de doença em humanos ou de outros animais. Alguns são
considerados pragas na agricultura. Na região nordeste, há registros de predação de moluscos
gastrópodes por sagui (Callitrix jahccus) e lagartos, principalmente no período da seca,
constituindo um item alimentar desses vertebrados. A classe Gastropoda apresenta três
subclasses: Opisthobranchia, Prosobranchia e Pulmonata, mas somente as duas últimas
possuem representantes terrestres. A subclasse Prosobranchia divide-se nas ordens
Archaeogastropoda, Mesogastropoda e Neogastropoda, sendo que apenas os
Archaeogastropoda e os Mesogastropoda possuem espécies terrestres. O presente trabalho tem
como objetivo listar os moluscos gastrópodes terrestres coletados no Estado do Rio Grande do
Norte e que foram depositados na coleção didática do Departamento de Botânica e Zoologia
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para tanto, foi consultada bibliografia
pertinente, especialmente Simone (2006). Como resultados foram encontradas 26 espécies,
que pertencem a oito famílias: Helicinidae, Odontomastidae, Streptaxidae, Achatinidae,
Simpulopsidae, Othalicidae, Strophocheilidade e Bulimidae e um total de 11 gêneros. Foram
registrados para os municípios de Mossoró, São Tomé, João Câmara, Ceará Mirim e Nísia
Floresta. Salgado e Coelho (2003) listaram 27 famílias encontradas em coleções no Brasil,
Europa e Estados Unidos. Estudos sobre moluscos terrestres começaram a despertar interesse
a partir do século XVIII, quando coletas foram iniciadas e os exemplares depositados em
coleções científicas. Os gastrópodes terrestres apresentam caracteres morfológicos adaptados
a esse ambiente. Um aspecto muito importante é a capacidade que os moluscos terrestres têm
de sobreviver em ambientes desfavoráveis, com pouca umidade e por isso são mais ativos no
início da manhã ou á noite. Nesse caso, para se proteger das adversidades ambientais, os
moluscos secretam um muco na abertura da concha, o que evita a perda de água dos tecidos.
No inverno ou em períodos de seca, é mais difícil a localização dos moluscos, já que eles
entram em estado de hibernação, muitas vezes enterrando-se no solo. Entretanto, em razão da
escassez de informações publicadas relativas aos gastrópodes terrestres no Brasil e
especialmente no Rio Grande do Norte, novas coletas são necessárias para a confirmação das
informações aqui levantadas. Os levantamentos e inventários biológicos são importantes
instrumentos para a produção de planos de manejo e conservação de recursos naturais, especialmente para a região do semiárido, ecossistema peculiar e sujeito a diferentes
impactos.