A água constitui um dos principais meios para a manutenção da vida na Terra, sendo imprescindível na dinâmica natural dos seres vivos e dos ecossistemas e na realização das atividades antrópicas. Atualmente, é evidente a existência de uma crise ambiental global relacionada à água, cujos fatores e impactos ocorrem de modo diferenciado nos países e no interior destes. No estado do Rio Grande do Norte, a crise da água é secular e ainda está presente nos dias atuais por meio de diferentes manifestações, a exemplo da escassez relativa dos recursos hídricos. Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa é analisar a percepção ambiental dos discentes do curso técnico em agroecologia do IFRN – Campus Ipanguaçu no tocante à situação hídrica atual do estado do Rio Grande do Norte. Para alcançar o objetivo, foram realizadas as seguintes etapas metodológicas: a primeira etapa correspondeu à revisão bibliográfica; a segunda etapa consistiu na elaboração do instrumento de pesquisa: um questionário digital com questões fechadas e abertas sobre a situação hídrica do Estado, incluindo aspectos referentes à percepção ambiental individual; ao planejamento, política e gestão das águas, à educação ambiental e à participação social; a terceira etapa foi a aplicação do questionário com alguns discentes como forma de pré-teste para aperfeiçoamento; a quarta etapa foi representada pela aplicação do questionário no dia 06 de setembro de 2018 com todas as turmas, em um total de oito, do curso técnico em agroecologia do IFRN – Campus Ipanguaçu nas modalidades Integrado e Educação de Jovens e Adultos; a quinta etapa foi a sistematização e análise dos dados; e a sexta etapa correspondeu à exposição dos resultados mais significativos, procurando-se trazer a tona padrões coletivos no que tange à percepção ambiental. Responderam ao questionário estudantes pertencentes a faixa etária de 15 a 43 anos, onde os estudantes com até 20 anos dificilmente souberam responder todas as perguntas, enquanto as pessoas que possuem idade superior a 20 anos, apesar de serem minoria, apresentaram mais conhecimento sobre o tema. Os discentes são residentes nos municípios de Itajá, Angicos, Carnaubais, Assú, Afonso Bezerra e Ipanguaçu, onde 76% habitam na zona urbana e os outros 24% na zona rural. Foi perguntado a principal fonte de abastecimento de água do município onde residem, e todos souberam responder, citando açudes e barragens (52%), poços (28%) e adutoras (20%). De acordo com 68% dos estudantes, o Rio Grande do Norte se enquadra na situação de crise hídrica em determinadas regiões do Estado; 28% apontaram um quadro de uma crise generalizada por todo o Estado; e apenas 4% disseram que há o abastecimento normalizado nos municípios. Pelos dados, é possível perceber que a maioria percebeu a crise como ocorrente em apenas algumas parcelas do território estadual, revelando a visão de uma desigualdade na distribuição e acesso às águas e denotando a escassez relativa. Além disso, sobre a principal causa de crise hídrica no Estado: 8% dos discentes citaram problemas na política e gestão das águas; 16% citou o desperdício de água; 32% responderam estiagem e seca; e 44% uma combinação de todos os fatores; já nenhum estudante assinalou as opções aumento do consumo de água e poluição dos mananciais de água. Com o desenvolvimento da pesquisa, notou-se que muitos estudantes não tem conhecimento sobre as instituições do poder público no tocante ao planejamento, política e gestão das águas. É indispensável que haja uma melhor discussão/formação junto aos discentes sobre o modelo de gestão das águas do Brasil e do Rio Grande do Norte.