A região Nordeste do Brasil é uma das mais propícias a sofrer impactos decorrentes de mudanças climáticas devido ao aumento das temperaturas (Guimarães et al, 2016). No entanto, existe a necessidade de estudar as condições atuais e observar se já é possível detectar mudanças. Uma das formas de averiguar se uma região já vem passando por processos de alterações é estudar o comportamento de índices de extremos climáticos (Dantas et al, 2015; Santos et al, 2016). Neste estudo aplica-se uma análise de tendências de extremos de temperaturas para o Estado do Rio Grande do Norte com o objetivo de verificar a significância estatística das tendências de dez indicadores de extremos climáticos para temperaturas máximas e mínimas, avaliando sua distribuição espacial para o período 1980-2013. As séries temporais para cada município do Estado oram extraídas da análise gradeada descrita por Xavier et al., (2016), cuja resolução espacial é de 0,25° x 0,25°, para o período de 1980 a 2013. Os índices de extremos climáticos foram calculados utilizando o software Rclindex, em seguida mapeados e analisados utilizando o limiar de 95% de confiabilidade para a significância estatística. Os índices utilizados para a temperatura máxima foram TXX, TNX, TX10P, TX90P, que relacionam os maiores e menores valores anuais da variável, assim como o número de ocorrências diárias em que a variável supera os percentis 10 e 90 da distribuição climatológica. Analogamente para a temperatura mínima, foram calculados os índices TXN, TNN, TN10P e TN90P. Para complementar o estudo foram verificados os índices WSDI e CSDI, responsáveis por caracterizar ondas de calor e de frio, calculando-se o número de vezes ao ano em que as temperaturas máximas e mínimas foram superiores ou inferiores aos percentis 90 e 10 em ao menos 6 dias consecutivos. Para o índice TXX, a tendência é positiva nas cidades ao sul das mesorregiões Central e Oeste Potiguar, estatisticamente significativa e superior a 2,0°C; Para TNN, a tendência positiva ocorre em todo o Estado, estatisticamente significativa e superior a 1,0°C na maioria das cidades. Isto mostra que no decorrer da série a probabilidade das maiores temperaturas máximas e das menores temperaturas mínimas excederem os recordes registrados é muito alta, com exceção de poucas séries que apresentaram tendência positiva, porém sem significância estatística. A grande maioria das séries mostraram o incremento dos índices TXN, com tendência significativa e superior a 1,5°C em toda região central, e TNX, com tendência significativa e superior a 2,0°C, com exceção do sul da mesorregião do Agreste Potiguar, onde percebeu-se tendências negativas com significância estatística. Os índices CSDI e WSDI mostram uma maior propensão ao aumento de ondas de calor no Estado. Os índices de extremos climáticos analisados mostram que a maior parte do Estado do Rio Grande do Norte vem vivenciado, a partir da década de 80, predominância de tendências positivas e estatisticamente significantes que apontam para o incremento das temperaturas máximas e mínimas registradas, influenciando no aumento de casos de ondas de calor. Contudo, as mesorregiões leste e agreste indicaram tendências negativas e estatisticamente significantes, contrárias ao restante do Estado.