O Brasil abriga o terceiro lugar em diversidade de cactáceas. Elas representam uma família botânica de arbustos, árvores, ervas, lianas e subarbustos representada pelos cactos (JUDD, 2009). Essa grande diversidade de formas, cores e tamanhos representa uma oportunidade de comércio para as comunidades da região semiárida.
Este trabalho teve como um dos seus objetivos a criação de novas formas de acesso ao emprego e renda para comunidades locais principalmente na região semiárida. Esta foi a estratégia para a melhoria da qualidade de vida da população local. A proposta foi capacitar mulheres da comunidade Olga Benário, situada nas proximidades da cidade de Piranhas-AL, para o manejo de cactáceas com objetivo econômico e ambiental. A capacitação do grupo de mulheres da referida comunidade encontrou sustentação na necessidade e importância do empoderamento feminino (ONU, 2014), visando, além da questão econômica e ambiental, proporcionar a experimentação de um espaço social, qual seja, o da mulher atuante e trabalhadora. A complementação da renda com atividades baseadas em uma agricultura sustentável, aliada aos trabalhos artísticos e utilizando os conceitos de manejo e preservação, torna-se um caminho possível e viável para aqueles que buscam novas estratégias para o desenvolvimento sustentável (VEIGA, 2008).
A capacitação das mulheres da comunidade Olga Benário teve como finalidade fornecer às mesmas o conhecimento necessário para que soubessem coletar, cultivar e preservar espécies de cactáceas para o comércio de plantas ornamentais (OLIVEIRA JÚNIOR, 2013) e, desta forma, contribuir para redução da vulnerabilidade social em que se encontram ocasionada pela falta de alternativas econômicas.
O trabalho também pretendeu capacitar a comunidade para a preparação correta do substrato a ser utilizado pelas plantas e também para o uso das técnicas corretas de ornamentação dos vasos visando a agregação de valor estético e comercial ao trabalho final.
É importante salientar que a atividade de exploração inadequada das cactáceas pode causar impacto ambiental já que pode resultar na extinção de algumas espécies e na consequente perda da biodiversidade. Desta forma, este trabalho esteve alinhado com o Plano de Ação Nacional Para Conservação das Cactáceas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, 2011) que aponta algumas diretrizes responsáveis por causar impacto ambiental negativo, tais como a decorrência da ampla distribuição das cactáceas, fragmentação e perda de qualidade do habitat, mineração, comércio e coleta ilegal. Assim, torna-se necessário assegurar uma estratégia de conservação que, a nosso ver, está diretamente relacionada ao manejo consciente e responsável destas espécies.