A exploração e degradação das florestas nativas resultaram em um conjunto de problemas ambientais, como a extinção de espécies da fauna e flora, eutrofização, mudanças no clima local, além do assoreamento dos cursos d’água (Ferreira & Dias 2004). Além disso, nos dias atuais, é tendência mundial a crescente preocupação com a conservação dos recursos naturais, que requer a adoção de novas posturas frente à natureza, motivando a busca por conhecimentos que promovam a sustentabilidade dos recursos por ela ofertados (Lacerda et al. 2003).
As florestas ripárias ou ripícolas são formações vegetais extremamente importantes em termos ecológicos, sendo essenciais para a manutenção da qualidade da água dos rios, lagos e demais ambientes aquáticos, funcionando como áreas de transição entre os ecossistemas terrestres e aquáticos, com espécies típicas das formações vegetais onde estão inseridas, estando presente em todos os domínios paisagísticos do Brasil (Kipper et al. 2010; Martins 2011).
Quando se trata desse tipo de ecossistema no bioma caatinga, Araújo e Ferraz (2003) alertam para o fato de que este apresenta áreas degradadas florística e estruturalmente, em que várias espécies vegetais são usadas para diversas finalidades, como forragem para o gado, construção civil, produção de energia e tratamento de enfermidades (Ferraz et al. 2005). Em muitos casos constituem os últimos remanescentes florestais das propriedades rurais (Silva et al. 2012).
Sendo assim, o referido trabalho teve como objetivo inventariar um trecho de mata ripária na mesorregião do Oeste Potiguar na cidade de Mossoró RN, pretendendo aumentar o conhecimento, bem como os estudos desses ecossistemas tão pouco estudados e preservados no bioma caatinga. E, por fim, tentar subsidiar sua conservação.
O presente estudo foi realizado ao longo de um trecho de 100 m de vegetação no leito e cerca de até 20 metros de distância das margens do Rio Apodi-Mossoró, totalizando dois hectares inseridos no parque municipal na cidade de Mossoró. Trata-se de um rio perene que corta a cidade de Mossoró. Sua bacia hidrográfica possui uma área total de 14.276 km2. Apresenta uma vegetação ciliar arbórea-arbustiva aberta, como também de herbáceas inseridas no bioma caatinga.
As coletas ocorreram nos meses de outubro e novembro de 2017, totalizando duas coletas, através de caminhadas no trecho selecionado. Os procedimentos de coleta, prensagem e herborização do material botânico seguem a metodologia proposta por Judd et al. (2009) e IBGE (2012). Os procedimentos de coleta, prensagem e herborização do material botânico seguem a metodologia proposta por Judd et al. (2009) e IBGE (2012). ). A identificação dos táxons foi feita a partir de observações morfológicas das estruturas vegetativas e reprodutivas.
A lista florística elaborada seguiu o sistema de classificação do APG IV (2016), e em relação aos hábitos foram dispostas em arbórea, arbustos, subarbustos e herbáceas.
A maior riqueza da vegetação ripária da região semiárida é também ratificada no trabalho de Miranda & Silva (1989). Outros autores como Rezende (1998) discutem que a vegetação presente ao longo dos corpos d’água apresenta um elevado número de espécies como Calotropis procera (Aiton) R. Br., Croton lobatus L, Waltheria sp. e Azadirachta indica A. Juss, sendo este superior ao encontrado em outras formações florestais. Assim, observa-se a grande diversidade de famílias encontradas em um pequeno trecho do rio, denotando grande riqueza de sua flora, o que pode levar a conscientização de sua preservação e conservação.
Conclui-se que o levantamento florístico realizado nesse fragmento de área ripária dentro do bioma caatinga, mostrou grande variabilidade no número de famílias. Tais informações poderão ser utilizadas para comparativos de avaliação de aspectos/impactos e estimativas de cenários para licenciamento ambiental na referida e demais regiões onde se encontra esse tipo de floresta.