Artigo Anais CONADIS

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-186X

INSPETORIA (FEDERAL) DE OBRAS CONTRA AS SECAS E A FRAGMENTAÇÃO DO TERRITÓRIO NO RIO GRANDE DO NORTE: OS CASOS DE CRUZETA E BAIXA-VERDE (1910-1938)

Palavra-chaves: ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO, INTERVENÇÃO TÉCNICA, EFCRN, AÇUDE CRUZETA Comunicação Oral (CO) AT 11 - Espaços, paisagens e territórios no semiárido
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      O território norte-rio-grandense apresenta em seu processo histórico de formação dois grandes momentos de fragmentação territorial, um ligado à expansão das práticas agropecuárias tradicionais, do início da ocupação a meados de 1940, e outro, a partir da década de 1950, em um novo contexto urbano-industrial atrelado aos mecanismos políticos das oligarquias locais (GOMES, 2014). Os primeiros anos do século XX são marcados no RN por uma série de intervenções técnicas que objetivavam, sobretudo, articular o estado e promover o “combate às secas”. Estas ações reverberaram transformações sobre o espaço, de forma a promover a expansão e emancipação de várias localidades\r\n
       Pretende-se analisar a participação da intervenção técnica do Estado, por meio das Inspetorias de Obras Contra as Secas (IOCS e IFOCS), no processo de fragmentação do território no Rio Grande do Norte. Mais especificamente, tenciona-se compreender: a inserção da construção de açudes/ferrovias na constituição do espaço norte-rio-grandense até as primeiras décadas do século XX  e a influência desse processo na estruturação de Baixa-Verde e Cruzeta. Dessa forma, almeja-se contribuir nas discussões sobre a historia das localidades em foco, a construção do território potiguar e o conceito de dimensão técnica das secas, desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa HCUrb.\r\n
       Parte-se da compreensão do conceito de produção do espaço/território e seus elementos de análise, à luz de teóricos como Milton Santos (1985, 1991, 1994) e Roberto Lobato Corrêa (2011). Manuel Correia de Andrade (1994), Rita de Cássia Gomes (2014), Hélio Farias (2008), fornecem reflexões pertinentes à compreensão da realidade territorial em escala regional, explicitando seus aspectos populacionais e normativos. Acerca do papel da técnica na construção e na organização do espaço, recorremos aos aportes de Júlia Bernardes (2000) e Ana Fani (2011).\r\n
       O constructo empírico deste trabalho é assentado na análise dos relatórios do Ministério de Viação e Obras Públicas, fonte de coleta informacional acerca da construção do Açude Cruzeta, com a complementação das obras de Terezinha Góis (2017) e Paulo Santos (1990), que ajudam a delinear as historiografias locais.\r\n
      Como estratégia de espacialização deste fenômeno, elaboram-se mapas que reconstroem o processo de fracionamento no período delimitado, evidenciando as cidades supracitadas .\r\n
       Na conjectura nacional da época, a partir de 1909, as empreitadas da I(F)OCS propunham modernizar a região Nordeste, promovendo a sua conexão intraregional e integração com o restante do país. Diversos municípios norte-rio-grandenses foram contemplados por esta reestruturação territorial. Cruzeta e Baixa Verde simbolizam um aspecto singular destas intervenções no que diz respeito à propulsão do processo de povoamento e estruturação urbana, impulsionado pelas ações materiais empreendidas. \r\n
       A análise dos dados nos remete a Santos (1985, p. 32) quando afirma: “as modernizações [do território] criam novas atividades ao responder a novas necessidades. As novas atividades beneficiam-se com as novas possibilidades [...]”. Assim, é possível conceber que tanto o açude em Cruzeta quanto a construção da estação da EFCRN em Baixa Verde, proporcionaram novas possibilidades de utilização do espaço, seja pelo emprego de terras agora agricultáveis ou pela própria ideia de progresso que advinha da instalação das ferrovias.\r\n
       Os empreendimentos técnicos das Inspetorias sobre estes lugarejos permitiram sua expansão territorial, na medida em que estas ações resultaram em uma ocupação mais adensada nestes espaços, além de inserir estes territórios em uma nova lógica de circulação produtiva sistematizada no estado. Nesse sentido, “o espaço produzido surge como produto intencional e não-intencional da ordem estabelecida” (BERNARDES, 2000, p. 246)\r\n
       A consequência deste crescimento é a emancipação político-administrativa de ambos povoados, no caso de Baixa Verde em 1928, com status de município, e Cruzeta, em 1938, na condição de distrito, fragmentando, desse modo, o tecido territorial do Rio Grande do Norte.
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       Pretende-se analisar a participação da intervenção técnica do Estado, por meio das Inspetorias de Obras Contra as Secas (IOCS e IFOCS), no processo de fragmentação do território no Rio Grande do Norte. Mais especificamente, tenciona-se compreender: a inserção da construção de açudes/ferrovias na constituição do espaço norte-rio-grandense até as primeiras décadas do século XX  e a influência desse processo na estruturação de Baixa-Verde e Cruzeta. Dessa forma, almeja-se contribuir nas discussões sobre a historia das localidades em foco, a construção do território potiguar e o conceito de dimensão técnica das secas, desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa HCUrb.\r\n
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Publicado em 07 de dezembro de 2018

Resumo

O território norte-rio-grandense apresenta em seu processo histórico de formação dois grandes momentos de fragmentação territorial, um ligado à expansão das práticas agropecuárias tradicionais, do início da ocupação a meados de 1940, e outro, a partir da década de 1950, em um novo contexto urbano-industrial atrelado aos mecanismos políticos das oligarquias locais (GOMES, 2014). Os primeiros anos do século XX são marcados no RN por uma série de intervenções técnicas que objetivavam, sobretudo, articular o estado e promover o “combate às secas”. Estas ações reverberaram transformações sobre o espaço, de forma a promover a expansão e emancipação de várias localidades Pretende-se analisar a participação da intervenção técnica do Estado, por meio das Inspetorias de Obras Contra as Secas (IOCS e IFOCS), no processo de fragmentação do território no Rio Grande do Norte. Mais especificamente, tenciona-se compreender: a inserção da construção de açudes/ferrovias na constituição do espaço norte-rio-grandense até as primeiras décadas do século XX e a influência desse processo na estruturação de Baixa-Verde e Cruzeta. Dessa forma, almeja-se contribuir nas discussões sobre a historia das localidades em foco, a construção do território potiguar e o conceito de dimensão técnica das secas, desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa HCUrb. Parte-se da compreensão do conceito de produção do espaço/território e seus elementos de análise, à luz de teóricos como Milton Santos (1985, 1991, 1994) e Roberto Lobato Corrêa (2011). Manuel Correia de Andrade (1994), Rita de Cássia Gomes (2014), Hélio Farias (2008), fornecem reflexões pertinentes à compreensão da realidade territorial em escala regional, explicitando seus aspectos populacionais e normativos. Acerca do papel da técnica na construção e na organização do espaço, recorremos aos aportes de Júlia Bernardes (2000) e Ana Fani (2011). O constructo empírico deste trabalho é assentado na análise dos relatórios do Ministério de Viação e Obras Públicas, fonte de coleta informacional acerca da construção do Açude Cruzeta, com a complementação das obras de Terezinha Góis (2017) e Paulo Santos (1990), que ajudam a delinear as historiografias locais. Como estratégia de espacialização deste fenômeno, elaboram-se mapas que reconstroem o processo de fracionamento no período delimitado, evidenciando as cidades supracitadas . Na conjectura nacional da época, a partir de 1909, as empreitadas da I(F)OCS propunham modernizar a região Nordeste, promovendo a sua conexão intraregional e integração com o restante do país. Diversos municípios norte-rio-grandenses foram contemplados por esta reestruturação territorial. Cruzeta e Baixa Verde simbolizam um aspecto singular destas intervenções no que diz respeito à propulsão do processo de povoamento e estruturação urbana, impulsionado pelas ações materiais empreendidas. A análise dos dados nos remete a Santos (1985, p. 32) quando afirma: “as modernizações [do território] criam novas atividades ao responder a novas necessidades. As novas atividades beneficiam-se com as novas possibilidades [...]”. Assim, é possível conceber que tanto o açude em Cruzeta quanto a construção da estação da EFCRN em Baixa Verde, proporcionaram novas possibilidades de utilização do espaço, seja pelo emprego de terras agora agricultáveis ou pela própria ideia de progresso que advinha da instalação das ferrovias. Os empreendimentos técnicos das Inspetorias sobre estes lugarejos permitiram sua expansão territorial, na medida em que estas ações resultaram em uma ocupação mais adensada nestes espaços, além de inserir estes territórios em uma nova lógica de circulação produtiva sistematizada no estado. Nesse sentido, “o espaço produzido surge como produto intencional e não-intencional da ordem estabelecida” (BERNARDES, 2000, p. 246) A consequência deste crescimento é a emancipação político-administrativa de ambos povoados, no caso de Baixa Verde em 1928, com status de município, e Cruzeta, em 1938, na condição de distrito, fragmentando, desse modo, o tecido territorial do Rio Grande do Norte.

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