A disponibilidade de água em quantidade e qualidade adequadas para diversos usos é um dos desafio na atualidade (PAIVA, 2001). A escassez deste recurso leva a busca de alternativas, sendo a mais difundida a utilização de águas subterrâneas. No entanto, esta solução apresenta a qualidade comprometida, já que a rede nacional de monitoramento não é tão abrangente, o que leva a utilização dessa água sem tratamento prévio. Hoje, sabe-se da importância de se tratar a água, pois é capaz de veicular grandes quantidades de contaminantes físico-químicos e/ou biológicos (TORRES et al., 2000). Entre as formas de tratamento mais simples e difundidas está o uso de filtros, que serve para a realização do tratamento primário, na sua confecção podem ser utilizados materiais alternativos oriundos de atividades agropecuárias, tendo como vantagem a possibilidade de serem compostados após a filtração (Lo Monaco et al., 2009). No entanto, se não for utilizada da forma correta essa técnica pode gerar mais contaminação da água. Nesta ótica, a pesquisa buscou verificar a eficiência de um filtro produzido com material alternativo tendo a manutenção negligenciada e assim atentar a uma nova problemática do perigo do uso de técnicas de forma errônea. Para atingir o objetivo da pesquisa utilizou-se de duas metodologias, uma com base bibliográfica e uma com base experimental. A primeira diz respeito a estudos com base em artigos que tratem do uso de materiais orgânicos em filtros, a partir desse apanhando, sendo selecionado o que mais se adequa a realidade do local da pesquisa. A partir da escolha da solução foi iniciada a segunda etapa com a reprodução de um filtro com materiais de fácil acesso e com os sugeridos pela bibliografia. A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Araruna, a escolha do local levou em conta a grande utilização de poços como forma de abastecimento em períodos de estiagem na cidade. Quanto a parte laboratorial, o filtro e amostras filtradas foram produzidos na Universidade Estadual da Paraíba e as analises foram feitas na Universidade Federal de Campina Grande. A pesquisa bibliográfica indicou utilização da matéria orgânica proveniente da semente da planta Moringa oleifera, os outros materiais utilizados foram a brita 0 e a serragem de madeira. A bibliografia serviu também como base para decisão do parâmetro mais conveniente para análise, por se tratar de águas subterrâneas foi escolhido a salinidade. Assim foi utilizado da condutividade elétrica para medir a concentração de sólidos dissolvidos totais. A parte prática iniciou com a construção do protótipo do filtro onde foram utilizados tubos de PVC e reservatórios plásticos. As analises foram feitas em dois poços, em cada foram retiradas duas amostras, sendo cada amostra analisada antes e após a filtragem. Para o primeiro poço obteve-se um aumento de sólidos totais na amostra I de 52,73% e na amostra II de 39%, já no segundo poço a amostra III teve um aumento de 84,25% e a amostra IV de 34,95%. Esses aumentos mostram o inconveniente formado pelo mau uso de uma tecnologia desenvolvida para melhorar a qualidade da água. Além disso quando são comparadas os resultados das amostras com o padrão fornecido pelo Ministério da Saúde que define para as águas naturais uma condutividade elétrica devem variar na faixa de 10 a 100 μS/cm, os valores encontrados ultrapassam essa faixa se enquadrando próximo dos valores fornecidos para ambientes poluídos por esgotos domésticos ou industriais que é de aproximadamente de 1.000 μS/cm. Isso demonstra um cenário preocupante em que a água não se apresenta em qualidade para fins potáveis, além de atentar para a conscientização da população tanto para o uso de tecnologias de tratamento como para manutenção correta destas.