Introdução: A Caatinga apresenta-se como um bioma promissor para o estudo de plantas com possíveis fontes de moléculas com atividade farmacológica devido suas condições edafoclimáticas. Nas últimas décadas observa-se um grande interesse pelo potencial terapêutico das plantas medicinais (YUNES et al., 2001). A família Myrtaceae compreende cerca de 150 gêneros, com aproximadamente 3.600 espécies. Uma das características marcantes desta família é a presença em seus órgãos vegetativos e reprodutivos, de estruturas secretoras de óleos essenciais (CRONQUIST, 1981). A maior parte da atividade antimicrobiana de óleos essenciais parece estar associada aos compostos fenólicos (SIMÕES; SPITZER, 2000), onde o efeito antimicrobiano está relacionado, principalmente, à alteração da permeabilidade e integridade da membrana celular bacteriana (LAMBERT et al., 2001). Objetivo: O gênero Calyptranthes encontra-se pouco explorados, principalmente no que diz respeito a potencialidade dos óleos essenciais frente as atividades biológicas das espécies. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito microbiano do óleo essencial de Calyptranthes spp. frente as cepas bacterianas Gram-positivas e Gram-negativas incluindo algumas resistentes. Metodologia: As espécies foram coletadas no Vale do Catimbau (Buíque – PE) e os óleos essenciais (OEs) foram extraídos por hidrodestilação com água destilada, utilizando aparelho tipo Clevenger por 4 horas. A concentração inibitória mínima das diferentes concentrações do óleo essencial diluídos em Tween 80 à 2% será determinada pela técnica de microdiluição em caldo Mueller-Hinton (NCCLS/CLSI, 2009). Os inóculos serão preparados nos mesmos meios, a densidade ajustada para o tubo 0,5 da escala McFarland (108 para bactérias) e diluídas 1:10 para o procedimento de microdiluição. As microplacas serão incubadas a 37°C por 24 horas. O CIM será realizado em duplicata e definido como a menor concentração do óleo essencial que não demonstra crescimento bacteriano visível. Resultados: Os óleos essenciais de espécies da família Myrtaceae têm apresentado resultados satisfatórios a diversas atividades realizadas, inclusive nas atividades microbianas frente a bactérias de interesse médico (SCHAPOVAL et al., 1994; SALVAGNINI et al., 2008; VICTORIA et al., 2012). O óleo essencial teve a sua atividade antimicrobiana testada pelo método de microdiluição seriada contra seis bactérias, sendo três gram-positivas: Staphylococcus aureus e três gram-negativa: Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Proteus mirabilis (cepas ATCC (American Type Culture Collection)). Duas das espécies de S. aureus (705 e 683) são resistentes a uma grande parte dos antimicrobianos β-lactâmicos e a Glicopeptídeos, Licosaminas, entre outros. Não foi possível visualizar atividade bactericida e bacteriostática para o óleo essencial foliar de Calyptranthes spp. nas concentrações testadas (100; 50; 25; 12,5; 6,25; 3,125; 1,5625; 0,781250; 0,390625 µg/ml) o que não indica que esta espécie não possua atividade bacteriana. Se faz necessários a realização de outros testes com concentrações maiores do que as que foram testadas afim de que seja comprovado o seu potencial frente as cepas bacterianas. Considerações finais: Devido ao aumento da resistência dos microrganismos às drogas disponíveis há a procura de novas alternativas terapêuticas, sendo os óleos essenciais e seus constituintes um alvo promissor para o encontro de novos fármacos com atividade antimicrobiana. Dessa forma, sugere-se novos testes a fim de identificar a atividade bacteriana do OEs de Calyptranthes spp. e com isso, se comprovado a atividade do óleo, contribua para o desenvolvimento de novos produtos naturais no tratamento de doenças decorrentes de infecções bacterianas.