O artigo trata sobre o desemprego no rural semiárido alagoano, e versa sobre um contexto social e econômico que vem sendo agravado com a crise estrutural do capital e o processo de desenvolvimento rural e sua tecnificação nos últimos anos. Pontuando a necessidade de mostrar a realidade do rural semiárido contemporâneo, como proposta de visibilizar o tema em questão, visto que mostrar a realidade é propagar o conhecimento. Sendo o rural semiárido alagoano na maioria das vezes marginalizado e esquecido, percebe-se a necessidade de pesquisar sobre este espaço e sobre este objeto em particular, o qual possui sua originalidade e agrega um desafio ainda pouco estudado. Dessa forma, objetiva refletir a relação entre trabalho e desemprego com o desenvolvimento capitalista, no rural semiárido alagoano, e como este se reafirma como a “infantaria ligeira do capital”. Para isso pretende-se entender o processo histórico que forneceu as bases para o desemprego no rural e suas características na particularidade do semiárido alagoano. A metodologia consistiu em revisão bibliográfica, utilizando de técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa, fundamentadas numa perspectiva histórico-crítica dialética, tendo por referencial a teoria marxiana e marxista. Esta permite compreender as múltiplas determinações que constituem a realidade social e sua dinamicidade. Segundo Cassab (2007), o materialismo histórico-dialético prioriza a dinâmica das relações entre sujeitos e o objeto de estudo no processo de conhecimento, valoriza os vínculos do agir com a vida social dos homens e desvela as oposições contraditórias presentes entre o todo e as partes, reconhecendo a realidade como complexa, heterogênea e contraditória, nas diversas facetas e peculiaridades que a compõem. O que fica posto é que o desemprego no rural semiárido é gerado no mesmo processo da produção de riqueza do grande proprietário. Isto ocorre pelo fato de a economia rural ser regida pelo padrão de acumulação capitalista, no qual o trabalhador, através de sua força de trabalho, agrega valor à produção, tornando possível a acumulação do capitalista. Assim, o desemprego possui alta funcionalidade, sendo regulado pela ação do mercado, com a intervenção mínima do Estado neoliberal, que em nada altera os efeitos da contradição entre capital e trabalho. Mostrando assim, que o desemprego do trabalhador rural é crescente e decorrente das inúmeras investidas do sistema do capital para acumular e lucrar. Deixando o trabalhador a mercê da própria sorte, ficado sempre com o “pé no pantântono do pauperismo” e sendo, como afirma Marx (1984), a “infantaria ligeira do capital”. Logo, o que se infere é que o problema do desemprego no rural é de concentração fundiária nas mãos de poucos, ficando a maioria à mercê da sorte, nesse sistema perverso e explorador. Apesar de pouco discutido e problematizado na bibliografia, deve ser considerado que o desemprego no rural reflete-se também no urbano desde de sua gênese, uma vez que o trabalhador do rural migra para a cidade, o que a faz possuir uma grande massa de força de trabalho, porém pouco absorvida, aumentando a pobreza e a violência no contexto urbano. Ou seja, os desempregados do rural semiárido alagoano têm a vida “suspensa por um fio”, vagando de um canto a outro neste imenso país, suportando as tarefas mais pesadas, discriminados, explorados, muitas vezes, suportando até mesmo a escravidão moderna, desprovidos dos mínimos direitos, inclusive do direito de ir e vir. A única esperança que possuem é não se tornarem mendigos urbanos, condenados a uma verdadeira morte social.